Ney não atende vereadores e está ‘perdido’ no governo, reclamam parlamentares

Especial para o VERBO ONLINE

ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Vereadores de Embu das Artes disseram na sessão na quarta-feira (22) que não são recebidos pelo prefeito Ney Santos (PRB) ao afirmar que o chefe do Executivo “não está com as portas abertas da prefeitura” para os parlamentares da Câmara, reclamação que gerou polêmica na Casa. Um vereador da oposição, Doda Pinheiro (PT), reclamou, mas um aliado de Ney, Luiz do Depósito (PMDB), também se queixou e disse o que o prefeito “está perdido” no governo.

Doda (PT), oposição, e Índio (PRB), líder do governo, debatem sobre se o prefeito Ney não atende vereadores

Ao discutir a proposta de construção de um hospital na área do prédio da prefeitura caso o paço municipal seja erguido no projetado parque da várzea, levantada por Doda, Índio Silva (PRB), líder do governo na Câmara, disse que Ney ia se reunir com os vereadores para tratar do assunto, quando falou que o prefeito estava aberto ao diálogo. “A porta lá [da prefeitura] está aberta, na hora que quiser é só ligar que ele vai atender cada um de forma muito especial”, disse.

Doda contestou a afirmação do líder do governo. “Discordo do vereador quando diz que as portas da prefeitura estarão abertas. Não estão abertas, não é verdade isso, não posso ser hipócrita. Um exemplo claro é que um ofício do pastor Edson, da Igreja Presbiteriana do Capuava, nem resposta teve. Se não está atendendo o pastor, que dirá as ovelhas. Qual vereador consegue uma agenda com o governo para amanhã, sexta-feira? Não consegue”, disse o vereador.

Doda disse ter conseguido falar com o prefeito fazia mais de um mês. “Marca, desmarca [reunião]. É preciso respeito com esta Casa, com os mandatos”, disse. Carlinhos do Embu (PSC), que presidia a sessão, pôs em dúvida a queixa. “O prefeito é uma pessoa que gosta de vereador, que atende vereador. Vou verificar pessoalmente se procede a fala do vereador”, disse, ao apontar no plenário um assessor de Ney designado para fazer atendimento prévio na prefeitura.

O vereador Luiz do Depósito (PMDB) concordou com Doda e disse “que a porta não está bem aberta ainda”. “Nós [vereadores] precisamos de porta aberta, eu já peguei uma canseira lá duas vezes. Se bobear, na terceira eu não volto. Abrir as portas é ser como antes [gestão Chico Brito]. A gente não faz crítica ao governo Ney Santos para destruir a imagem, fala porque quer mudança. Ele está um pouco perdido, precisa olhar os problemas da cidade”, afirmou.

Gilson Oliveira (PMDB) pediu aparte e endossou a crítica. “Está precisando melhorar muito, precisamos falar e às vezes não conseguimos. Sabemos que é muita coisa para se fazer, mas o vereador está na rua e é cobrado todos os dias, tem que ter uma fala sempre com o governo”, disse. De volta com a palavra, Luiz disse que “quando o descontentamento chega ao vereador, à população já chegou faz tempo” e que um governo, se quer se dar bem, é só ouvir os vereadores”.

Carlinhos minimizou a insatisfação dos aliados de Ney e disse não acreditar que os vereadores estão descontentes com o prefeito. “Ele está com a agenda cheia e talvez deixou essa brecha de não atender”, disse. O vereador Ricardo Almeida (PRB) falou que existe assessor quando o prefeito não pode atender e que se incomodova com a “ironia” de Doda. “Não é fácil estar na pele do prefeito nas condições que a cidade está, é preciso entender o outro lado da moeda”, disse.

O vereador Bobilel Castilho (PSC) disse que Ney e Carlinhos foram preteridos dois anos pelo prefeito Chico Brito (então PT) e só foram atendidos após Ney virar presidente da Câmara – na verdade, foram só por um ano quando eram oposição, até Chico fazer acordo com os dois que incluía “entregar” a direção da Casa. Doda disse que tem que apontar os erros para que Ney conserte e que os vereadores não só eram atendidos “como tinham os problemas resolvidos”.

A vereadora Rosângela Santos (PT) disse que Ney deve fazer “diferente” já que foi eleito prometendo mudança, mas há duas semanas tentava agenda com o prefeito. Índio disse que os petistas queriam “exclusividade”. “Exclusividade, só para as nossas esposas”, disse. “Não quero exclusividade. Quero levar nove lideranças dos movimentos sociais para conversar com ele sentado, para apresentar os problemas”, retrucou ela. Índio se desculpou pela “frase machista”.

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