RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Ao procurar culpar a administração petista pelo estado de abandono de Embu das Artes após 16 anos de gestão e defender o prefeito Ney Santos (PRB) de críticas de “inércia” da oposição, na sessão na quinta (2), dois vereadores da base do atual governo atacaram Chico Brito “do PT”, mas se expuseram ao “ridículo” ao não levar em conta que apenas uma semana antes foram a favor da contas de 2013 do ex-prefeito. Na votação total, Chico teve as contas reprovadas.
Vereadores caíram na própria “armadilha” ao debater reprovação do morador Gabriel Fidelis, em tribuna popular, à terceirização dos cemitérios municipais – decretada por Chico no “apagar das luzes” da gestão, em 2016. Carlinhos do Embu (PSC) abriu o ataque. “Esse é um dos abacaxis que o PT deixou para resolvermos, entregaram nosso patrimônio a uma empresa privada. Acho que alguém virou sócio ou fizeram uma manobra, a concessão é de 20 anos”, disparou.
O petista Doda Pinheiro reagiu. “É bom lembrar que [o modelo de terceirização] foi feito por decreto. E não pelo governo do PT, mas pelo governo que nem partido tinha, o Chico Brito já tinha saído do PT, não venha colocar na conta do partido aquilo que foi irresponsabilidade dele [Chico]”, disse o vereador. O presidente Hugo Prado (PSB) reforçou o ataque. “Ele foi eleito pelo PT, não adianta tirar o corpo da reta. É muito fácil criticar sendo que fizeram parte”, disse.
Edvânio Mendes, também do PT, disse que Carlinhos era vereador na gestão passada e questionou se o colega faltou ao dever ao aprovar a terceirização se agora critica. “Vereador precisa ter postura, não pode fazer ‘mediazinha’, não pode jogar para partido A ou B. O vereador fazia parte da base, desde o início fez parte do governo Chico Brito, que era do PT e depois saiu do PT. [O vereador] Votou sim, a não ser que queira assumir aqui que está prevaricando”, disse.
Carlinhos voltou à carga ao criticar a gestão passada na saúde. “A empresa [que gerencia os pronto-socorros] está saindo, o Ney mandou embora. Quem contratou essa empresa foi o PT. O PT ficou 16 anos na administração da cidade, o que o fez? É muito fácil querer criticar o governo que fez um mês ontem [dia 1º]”, disse o vice-presidente da Câmara, em relação à posse de Ney ter ocorrido só em 1º de fevereiro, após ficar foragido, denunciado pelo Ministério Público.
Em seguida, Gilson Oliveira (PMDB) não poupou Carlinhos sobre a posição que teve apenas oito dias atrás. “Eu acho que não gozo de perfeitas faculdades mentais, estou ficando louco. Na semana passada tivemos a votação do parecer do Tribunal de Contas, e o vice-presidente da Casa votou favorável [às contas de Chico]. E hoje ele bate no ex-prefeito. Ou eu ou ele está no lugar errado”, disse o vereador, com sarcasmo, sob palmas do público no plenário do Legislativo.
Hugo voltou a “socorrer” os colegas anti-PT. “Não vamos conseguir em dois meses consertar tudo o que o PT fez em 16 anos, mas vamos vestir a camisa e fazer a nossa parte”, disse o presidente, que foi, porém, assessor de Chico por dois anos. O vereador Zezinho Barros (PSDB) engrossou o coro e disse que Ney teve que “demolir” uma “casa mal acabada deixada pelo prefeito do PT”. “Nosso município tem muito lixo, tem muito a fazer, mas isso é fruto de 16 anos”, disse.
Gilson não “perdoou” Zezinho – que assumiu cadeira com a licença de Jefferson do Caminhão (PSDB) para ser secretário de Turismo. “Eu não entendo mais nada, vocês lembram o voto do vereador Zezinho? Votou contra parecer do tribunal [a favor de Chico]. Não é à toa que o vereador está aqui como suplente”, cutucou o “franco atirador” Gilson. Zezinho retrucou e disse que Gilson aprovou as contas de Chico passadas com “indicações do tribunal até piores que essas”.
Gilson contra-atacou. “A prova disso [de que teve aprovação] é que meu eleitorado me reelegeu, e ele está aqui como suplente por uma negociação, as urnas não o aprovaram”, disse. Carlinhos disse que Gilson “foi parceiro número 1 do Chico Brito durante quatro anos”. “Quem não conhece aquela frase do vereador, ‘Chico não tem calo na língua, tem na mão de tanto trabalhar’?. Ele foi contra [as contas] porque Chico mandou os cargos dele embora”, disse. Gilson calou.
NOTA DA REDAÇÃO – O primeiro parágrafo ganhou adendo de que o ex-prefeito Chico Brito (sem partido) teve as contas de 2013 reprovadas pela maioria dos vereadores (leia reportagem sobre a rejeição no link abaixo).
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Tomaram banho na mesma bacia, agora os sujos, falando do mal lavado. que vergonha, os políticos a cada dia que passa, vão mostrando o que são. Infelizmente estas ações fazem o Sr. Bolsanaro crescer nas pesquisas.28