ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Santa Tereza, Embu das Artes
O popular bairro do Jardim Santa Tereza, na periferia de Embu das Artes, respirou Carnaval na tarde desta segunda-feira de folia (27) com apresentação de três blocos que celebraram o maracatu, ritmo musical, dança e ritual de sincretismo religioso com origem em Pernambuco. Em atuação conjunta, o Kambinda, de Embu, Bloco de Pedra, de São Paulo, e Quilombinho, de Sorocaba (SP), proporcionaram um “banho cultural” que encantou moradores e visitantes.
Com grandiosos estandartes à frente, os cerca de 80 integrantes dos três blocos marcaram passo na rua Belgrado, cantaram a cultura negra e dançaram ao som de vigorosos batuques, com muito sincronismo e rodada de saia das yabás (baianas “escravas”). Figuras centrais do cortejo, a rainha e o rei, com vestes que chamavam atenção pela beleza das cores e brilho, foram coroados. Ao final de uma hora de apresentação, desfilaram diante do público, sob aplausos.
A historiadora e professora Márcia Raquel não tirou o olhar do cortejo. “Eu desci para o mercado, nem sabia que tinha esse ato cultural aqui. Sou ativista política, isso aqui é cultura do povo, é o sangue do povo fervendo. Não tem como não apreciar, não se envolver, quando vê já está dançando junto. Isso é o Carnaval, e não aquela ‘beleza’ do dinheiro, essa é a verdadeira festa popular. Isso é a minha cultura, são meus ancestrais falando”, disse Márcia, 50, empolgada.
O Bloco de Pedra, do Sumaré (zona oeste da capital), veio a Embu prestigiar o Kambinda, da artista Raquel Trindade, que por motivo de saúde não conduziu o grupo. “Todo ano tocamos em algum lugar. Gostamos de fazer intercâmbio com os grupos, e é importante a divulgação, disseminar o maracatu. Não fazemos o maracatu religioso, só tocamos a expressão [musical]. Ele junta as pessoas, celebra a amizade e traz descontração”, disse o produtor Marcelo Cavalcante.
Rainha do bloco do Teatro Popular Solano Trindade – espaço que fica no centro de Embu -, Elis Monte disse ter sido gratificante a apresentação do grupo no outro “point” do Carnaval da cidade. “Fizemos o encontro de maracatus, com o Bloco de Pedra e o Quilombinho, nós buscamos reviver o Carnaval de Recife aqui. Foi uma maravilha, o Santa Tereza acolhe muito bem a gente, é a acolhida, organização, energia, eu gosto muito de participar aqui”, disse Elis ao VERBO.
Ativista da causa feminina, Elis distribuiu o adesivo do Bloco de Pedra “#CarnavalSemAssédio – Eu apoio” e também um apito “anti-macho” assediador. “Quando a mulher estiver no metrô e alguém encoxar, ela apita, e as colegas [outras mulheres] vão saber que está precisando de ajuda”, disse ao entregar um à reportagem. No primeiro dia de Carnaval no Jardim Santa Tereza, nesta segunda, agentes da Secretaria Municipal de Saúde distribuíram camisinhas aos foliões.
Diferente de ontem, que teve apenas uma apresentação, o Carnaval em Embu, no Santa Tereza, terá nesta terça-feira, último dia de folia na cidade, a animação dos blocos Acadêmicos do Campo Limpo, Menino Arteiro e Unidos do Santa Tereza, a partir das 15h. Dezenas de policiais militares e guardas municipais foram acionados para segurança da festa. A realização é da Liga Independente de Blocos Carnavalescos e Escolas de Samba de Embu, com apoio da prefeitura.
CARNAVAL EM EMBU DAS ARTES 2017 – gratuito
Santa Tereza
Nesta terça-feira (28)
A partir das 15h às 22h – Apresentação dos blocos Unidos do Santa Tereza, Menino Arteiro, e Acadêmicos do Campo Limpo
Local: rua Belgrado, Jardim Santa Tereza
Realização: Liga Independente de Blocos Carnavalescos e Escolas de Samba de Embu
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