Em duas sessões seguidas, presidente e petista trocam farpas sobre tarifa em Embu

ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Os vereadores Hugo Prado (PSB), presidente da Câmara de Embu das Artes, e Rosângela Santos (PT) voltaram a trocar farpas na quarta-feira (8) ao debaterem sobre o reajuste do transporte municipal – que saltou de R$ 3,20 para R$ 3,80, aumento “salgado” de 18,8%, bem acima da inflação de 6,29%, assinado por Hugo quando prefeito interino. Foi a segunda sessão seguida em que ambos “se estranham” ao abordarem a medida, que gerou protestos entre moradores.

Ao acusar o PT de tentar “terceiro turno” da eleição passada com ação na Justiça contra a posse do vice-prefeito eleito Dr. Peter (PMDB), que assumia a prefeitura – enquanto o prefeito Ney Santos (PRB) ainda tinha a prisão decretada -, Hugo disse que Rosângela faz “média” sobre a tarifa. “Sei que muitos torcem contra, querem aparecer neste momento, usar as pessoas para fazer média”, disse sobre a vereadora ter participado de protesto contra o aumento da passagem.

Apesar de não ter o nome citado, Rosângela reagiu ao ataque velado com defesa do protesto. “Eu venho do movimento social e defendo o que acredito. E acredito que devemos ir para cima do reajuste da tarifa. Na segunda [6, vigência do novo valor], fizemos um ato bom, pacífico, com as frentes O Povo Sem Medo e Embu Que Queremos. São movimentos que merecem respeito, sim. Defendemos a revogação do decreto do aumento da tarifa e audiência pública”, disse.

Rosângela disse que a reunião com o vice indicou a audiência o para o dia 6 de março. Com Ney prefeito, ela pediu “compromisso do atual governo” de manter diálogo com os movimentos. “A população sentiu esse aumento, e que o transporte continua de má qualidade. Continuo nessa defesa [regovar a tarifa], não tenho o porquê fazer média, me aparecer, minha história é do movimento social. Defendo o que acredito, que é defender o direito da população”, disse.

Hugo disse que a vereadora acha que o PT tem monopólio na defesa dos anseios da população e repetiu que a colega faz “média”. “Prometi não arranjar confusão com ninguém, mas não dá para apanhar calado. Dá impressão que é um partido que tem movimento social, que questiona tudo e defende o povo, e nós simplesmente não existimos. Fizemos toda a discussão do transporte público, não precisamos sair à rua para mostrar que estamos do lado do povo”, disse.

Hugo salientou que a discussão resultou nos “encaminhamentos” de que a empresa permissionária “viesse apresentar aos vereadores uma proposta de melhoria na qualidade do transporte” e de “chamar a população para esta Casa para realizar a audiência”. Em seguida, ele informou que o Legislativo protocolou na Secretaria de Governo requerimento para a prefeitura promover a discussão pública, que disse já ter sido marcada, para 8 de março, às 17h, na Câmara.

“Ninguém aqui é insano de falar que R$ 3,80 é um valor barato, mas também não é irresponsável de, de repente, ter uma greve e parar os ônibus da nossa cidade, e o povo falar que somos incompetentes, não sabemos administrar. Quando falo em não fazer média, é que foi uma lei aprovada pelo governo do PT que trouxe essas discussões. Mas vamos ter a responsabilidade de fazer uma discussão mais ampla, e não ficar posando para foto”, provocou Hugo.

Rosângela, que apareceu em fotos discursando no ato, não voltou a rebater – após já ter falado na segunda parte da sessão, não podia mais pedir a palavra. Na primeira sessão ordinária, no dia 1º, ambos também se confrontaram. Ela disse que Hugo, em vez de “corajoso” à frente da prefeitura, fez foi dar aumento “abusivo” da tarifa. Ele retrucou que a lei do reajuste é obra do “seu partido”. Rosângela pediu aparte. “Não concedo”, disse Hugo. “Brincadeira, viu?”, falou ela.

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