RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O Ministério Público do Estado de São Paulo quer suspender a posse do prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), de acordo com reportagem do telejornal “SBT Brasil” na sexta-feira (10). Na data, Ney, denunciado por promotores do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) por tráfico de drogas, envolvimento com facção criminosa e lavagem de dinheiro, convocou uma entrevista coletiva para declarar que é “inocente” e atacar o juiz que decretou a prisão dele.
Aos jornalistas, Ney disse não ser traficante nem ter ligação com organização do crime – à espera de ter o caso levado ao Tribunal de Justiça, ao ter foro privilegiado como prefeito. “Quem não deve não teme, o que foi falado não passava de mentiras e vou provar isso no processo. O sentimento é de revolta, quiseram me denegrir. Eu sou inocente, quem me conhece sabe que não tenho envolvimento nenhum com facção criminosa nem com tráfico de drogas”, disse.
Ele disse ter convicção de que a decisão final sobre o habeas corpus será favorável. “Não tenho essa preocupação, da mesma forma que nunca tive dúvida de que a Justiça ia ser feita, e vai continuar dessa forma”, disse. Ele criticou a ação do MP. “Fizeram uma denúncia anônima em Itapecerica da Serra. [Mas] Tudo aquilo [tráfico de drogas e elo com facção] que o Ministério Público induziu a imprensa a falar, eles não colocam na denúncia, porque não existe”, disse.
O MP reafirma, porém, que os crimes são graves, praticados desde 2010 – liderança da organização criminosa (pena de 2 a 8 anos) e prática, em 130 ocasiões, de lavagem de dinheiro (pena de 3 a 10 anos para cada fato). “São fatos graves, […] razão pela qual entendíamos, até pela reiteração das condutas nos últimos anos, que havia, sim, necessidade de prisão preventiva”, disse o subprocurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, ao jornal em horário nobre.
Mesmo eleito e com o dever de cumprir a lei, Ney fugiu, diz a reportagem. Após 60 dias escondido, ele apareceu para tomar posse depois de conseguir um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, na terça-feira passada (7). O Tribunal de Justiça de São Paulo e o Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, já tinham negados recursos ao prefeito. O próprio TJ é onde Ney agora responderá ao processo, empossado no cargo.
O MP busca, porém, reverter a posse do prefeito de Embu, quer Ney afastado da prefeitura. Segundo a reportagem – que chama o político de “Ney Gordo”, em referência a quando foi preso por roubo -, a Procuradoria-Geral de Justiça pediu ao STF que julgue, no plenário de uma turma de juízes, o mérito do habeas corpus o mais rápido possível e derrube a liminar dada a Ney. Se isso acontecer, ele, enfim, será preso – claro, se não fugir de novo, diz o telejornal.
Neste domingo, em cerimônia pública na prefeitura, Ney assumiu o governo em ato simbólico, já que a posse oficial ocorreu ao assinar a transmissão de cargo na Câmara, na quinta-feira (9). Eleito com 79,4% dos votos válidos (38% dos eleitores de Embu), Ney disse que não é a pessoa mostrada pela mídia e que a administração anterior “acabou com o município” – apesar de ter cargos na gestão e sido vereador com papel de fiscalizar. Ele recebeu as chaves da cidade.
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