RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O presidente da Câmara de Embu das Artes, Hugo Prado (PSB), publicou em rede social na quinta-feira (2) as ações que executou como prefeito interino, de 1° a 31 de janeiro, em balanço da gestão, e passou longe do aumento da passagem do transporte municipal, que pulou de R$ 3,20 para R$ 3,80. Ele assinou o decreto que subiu a passagem em 18,8%, três vezes o índice da inflação de 2016, de 6,29%. O novo preço da condução entrou em vigor nesta segunda-feira (6).
Hugo diz que ao longo de janeiro fez “diversas ações” como cancelamento do Carnaval para investir recurso na saúde, “Operação Crepúsculo” – GCM no combate a assaltos a trabalhadores em pontos de ônibus na madrugada -, “redução de gastos da máquina pública e finalizei assinando o pedido de rescisão contratual com a presa que atualmente administra a saúde em nossa cidade”. “Foram dias de muito trabalho e com certeza de muitas realizações”, afirma.
Hugo não citou, porém, a medida que mexe diretamente na vida da população, nem justificando o aumento que torna o ônibus municipal o mais caro da região – Taboão da Serra e Itapecerica da Serra mantêm a tarifa a R$ 3. Para ter “esquecido”, ele demonstra reconhecer o ato como impopular. Em outra evidência do ônus, o governo só informou o reajuste no site no dia 27, uma semana depois da assinatura do decreto, e de forma “escondida”, em página interna.
De volta à Câmara justamente após decretar o aumento, com a posse do vice-prefeito Dr. Peter (PMDB), Hugo não foi poupado de críticas de vereadores da oposição ao governo do prefeito (foragido da Justiça) Ney Santos (PRB) – apesar de assinada por Hugo, a decisão do reajuste foi tomada pela equipe de Ney. Um dos aliados mais próximos a Ney, o secretário Francisco Cal (Governo), ex-chefe da pasta de Transporte na gestão Chico Brito, deliberou sobre a tarifa.
O vereador André Maestri (PTB), um dos primeiros críticos da tarifa a R$ 3,80, com reação imediata em rede social contra a medida, disse na primeira sessão ordinária da nova legislatura, na quarta-feira (1º), que é preciso garantir excelência antes de cobrar. “Antes de ter o aumento, devemos abrir a discussão de que o aumento seja transformado em bom serviço, não que a população simplesmente pague. Tem que pagar por serviço de qualidade”, discursou.
O vereador Doda Pinheiro (PT) disse que a decisão do reajuste foi “arbitrária e não respeitando nem a lei”. “O governo passado, junto com a Câmara, aprovou uma lei de que todo aumento de tarifa, primeiro, tem que passar por uma audiência pública e, segundo, tem que respeitar [o índice] IPCA. A tarifa deveria ir para R$ 3,40, R$ 3,80, mais 18,8%, é abusivo. Está deixando brecha para que qualquer cidadão entre no Ministério Público para barrar esse aumento”, disse.
A vereadora Rosângela Santos (PT) foi mais incisiva na crítica ao presidente, antes prefeito inteiro. “Colocaram o Hugo Prado como corajoso, mas a tarifa foi de R$ 3,20 para R$ 3,80, aumento de mais de 18%. Considero abusivo como a população considera, tem reclamação em todo canto. Que seja feita uma audiência pública para ser discutido com a população. Há promessa de melhorias, mas porque não fazer a melhoria antes de ter qualquer aumento?”, disse.
Hugo reagiu e disse que só cumpriu a lei ao reajustar a tarifa. “Vereadora, saliento que a lei 288 foi encaminhada em 2015 pelo prefeito Chico Brito, que era do PT, o seu partido. O que temos que fazer é trazer a discussão para esta Casa, mudar a lei. Agora, querer jogar no meu colo que lá atrás foi discutido é muito triste. Cobramos da empresa qualidade, vamos receber 20 ônibus novos, teremos pelo menos quatro novas linhas para atender o nosso povo”, retrucou.
“Temos que ser transparentes nos embates nesta Casa. Se forem trazidas disputas políticas aqui para dentro, também vamos falar quem está por trás”, replicou ainda Hugo, em suposta menção ao candidato a prefeito derrotado Geraldo Cruz (PT), aliado da vereadora. Rosângela pediu aparte. “Não concedo”, respondeu Hugo. “Brincadeira, viu?”, reclamou a petista. Ele não explicou, porém, as razões para reajuste da tarifa tão substancial e fugiu de pergunta. “Não quero falar sobre isso. Já deu muita confusão. O prefeito é ele [Dr. Peter] e pode rever [o aumento]”, disse ao “Taboão em Foco”.
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