ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Itatuba, em Embu das Artes
Mães de crianças pequenas moradoras do Itatuba, em Embu das Artes, revindicaram a continuidade do atendimento de creche no bairro e rejeitaram a proposta de que os filhos sejam deslocados para espaço em outra localidade mais próxima, em reunião com o secretário de Educação, Paulo Vicente dos Reis, no sábado (4), na escola Mikio Umeda. Cerca de 50 pessoas participaram da discussão, além de representantes da entidade escolhida para assumir as turmas.
O impasse decorre da não inauguração da nova creche do Itatuba, programa do governo federal, que ainda está em construção – parada, à espera de repasse. Apesar do término fixado na placa da obra para junho de 2017, o então governo Chico Brito (sem partido) comunicou que a creche sairia em dezembro, no fim do mandato – não cumpriu. Até 2016, a creche funcionava em prédio improvisado, locado, mantida pela Associação dos Moradores do Jardim Sílvia.
Com a projetada creche não entregue, a Associação Assistencial do Amor e Misericórdia, conhecida como Obreiros, conveniada pela prefeitura para passar a atender na nova unidade, considerou o antigo imóvel inadequado e procurou outro local para receber as crianças. Propôs o atendimento em prédio no bairro do Capuava, a quatro quilômetros de Itatuba. A ONG diz que o espaço tem “estrutura gigantesca, com laboratório médico com ambulância, restaurante”.
As mães, porém, não aceitaram a mudança. Disseram que o transporte de crianças muito pequenas é “perigoso” ou inviável, além de a lotação municipal ser precária e cara, ainda mais com o aumento da passagem – para R$ 3,80, em vigor deste esta segunda (6) -, e exigiram que os filhos fiquem em creche no próprio bairro. “Eu entro no trabalho às 6 da manhã, que condições vou ter para levar ela [filha] para lá [Capuava]? Não tenho nenhuma”, reclamou uma mãe.
Outra mãe questionou se a prefeitura não poderia assumir a creche para manter o atendimento no Itatuba. “Temos as creches conveniadas. Foi assinado convênio que poderia ter ficado com o Jardim Sílvia, só que a associação deixou o convênio, entrou a Obreiros. Mas o problema não é a entidade, é a localidade. Agora, pensem nas outras crianças”, disse Paulo Vicente. O convênio da nova creche é para cem crianças, e o imóvel atual comporta menos da metade.
“Tínhamos claro desde o início que vocês ficariam aqui, independente da entidade, para comodidade de todos. É óbvio que tem o desgaste, mas estamos numa discussão muito madura. Agradeço por estarem mantendo a serenidade”, acrescentou Paulo Vicente. Mas as mães, irritadas com o impasse, pressionaram e não aceitaram a explicação de que a prefeitura estava endividada e não conseguiria outro espaço. “Não é problema nosso”, disse a moradora Juliana Leitão.
“As mães não estão questionando o trabalho da Obreiros, mas sofremos um grande descaso. Estou desempregada, mas meus impostos tenho que pagar, a prefeitura não está nem aí. A gente cumpre o nosso dever, a prefeitura é obrigada a cumprir o dever de deixar nossas crianças aqui também, é o nosso direito. Se não entrarmos em acordo, eu quero convocar todas as mães para ir à prefeitura até conseguir que nossos filhos fiquem aqui”, disse uma mãe.
A ex-vereadora Rosana do Arthur, hoje secretária de Cultura, que articulou a reunião como liderança da região, apresentou a proposta de que a associação do Jardim Sílvia retomasse o atendimento, após ligar para a entidade durante a reunião, diante da indignação das mães. Com a falta de consenso, porém, prefeitura, a Obreiros é uma comissão de moradores marcaram reunião nesta terça-feira (7) à tarde na prefeitura para chegar a uma solução.
“Essa reunião é para ver se a Obreiros consegue um local para manter as crianças aqui [Itatuba]. Se não conseguir, uma outra entidade, que deve ser a própria Associação do Jardim Sílvia, vai dar continuidade. A Obreiros falou aqui que o espaço atual não é bom. Sabemos que não é bom, mas por que não ficar alguns meses até que a creche nova aqui fique pronta? Tivemos um problema na obra, vai ser entregue mais adiante”, afirmou Paulo Vicente ao VERBO.
Representante da Obreiros contestou. “Em reuniões com o secretário em agosto, ele nos prometeu que ficaria pronta até 15 de dezembro. Não foi entregue. Fomos atrás de espaço e encontramos [no Capuava]. Vamos atender crianças de 0 a 3 anos, o local atual tem escadas, imagine o perigo de uma queda. E lá cabe de 40 a 45 crianças, o convênio é para cem, e não cabe berçário. O que fazer com a restante, talvez a prefeitura saiba dizer”, disse o advogado Wilson Costa.
Costa disse, porém, que vai informar a diretoria de que “as mães preferem ficar naquele espaço, mesmo insalubre, nas palavras do secretário”. “O que a diretoria decidir vamos comunicar na reunião na prefeitura”, disse. As moradoras não abrem mão, porém, do atendimento perto de casa. “A gente está lutando para ter a creche onde a gente mora. Por que levar as crianças para longe, por que eles não podem vir até elas?”, disse a mãe Greise Staquicini, 28, à reportagem.
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