ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Os usuários dos ônibus de Embu das Artes irão pagar ainda mais caro pelo transporte municipal ao desembolsar mais R$ 0,60. A partir do dia 6 de fevereiro (segunda-feira), a tarifa vai subir de R$ 3,20 para R$ 3,80, aumento – exorbitante – de 18,8%, praticamente três vezes mais o índice projetado da inflação de 2016, de 6,4%. O novo valor da passagem foi divulgado pelo portal da prefeitura nesta sexta-feira (27), de forma “escondida”, e já provoca indignação da população.
A prefeitura alega que a Secretaria de Mobilidade Urbana, em conjunto com a Secretaria de Governo, usou a tabela do chamado Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes, que considera, entre outros itens do sistema, o custo de óleo diesel, rodagem, veículos, mão-de-obra operacional e despesas administrativas. O estudo teria apontado o valor de R$ 4,05. Já a Transartes (ex-Coopercav), empresa que opera na cidade, teria pleiteado a tarifa de R$ 4,77.
“Após análise e consciente do impacto da tarifa no orçamento dos munícipes, [a prefeitura] chegou-se a R$ 3,80”, diz a nota. O prefeito interino Hugo Prado (PSB) decretou o aumento, mas o reajuste vai na contra-mão do que afirmou nos primeiros dias de gestão. Questionado pelo VERBO na apresentação do secretariado, em 3 de janeiro, Hugo disse não ter definição sobre a tarifa do transporte, mas que o aumento só seria autorizado após discussão com a população.
“Neste momento, temos que fazer uma avaliação, não tem como afirmar se vamos ter ou não [aumento], [mas] todos os aumentos de transporte passam por uma discussão, uma audiência pública na Câmara”, disse Hugo – que governa enquanto o prefeito eleito Ney Santos está foragido. Em 2013, após pressão dos estudantes do movimento Vem Pra Rua, o governo Chico Brito (então PT) aprovou lei que determina que o reajuste só será definido após audiência pública.
A tarifa vai subir após um ano do último reajuste, em 25 de janeiro de 2016, quando foi a R$ 3,20 (+10,3%). Na ocasião, pela primeira vez na história, Embu passou a ter o transporte municipal mais caro entre as cidades vizinhas, acima da passagem de R$ 3 de Itapecerica da Serra e também de R$ 3 de Taboão da Serra, onde o valor sempre foi mais alto. Mas a gestão Chico ainda dizia que “Embu das Artes mantém uma das menores tarifas entre os municípios da região”.
A gestão Hugo usa o mesmo artifício para passar a ideia de que o reajuste é razoável. Diz na nota que R$ 3,80 é o “valor médio da passagem praticada na região”, afirmação não verdadeira – Itapecerica e Taboão mantêm a tarifa a R$ 3. Ao contrário de “cartazes” virtuais nas redes sociais (cópia da prefeitura de Curitiba) como propaganda do governo, a notícia do reajuste não teve nenhum “banner colorido” e não aparece na “home” do portal, apenas em página interna.
“Um absurdo…. temos que pagar por um serviço deficiente com falta de estrutura e de pouca ou, melhor, nenhuma qualidade. Primeiro melhora o serviço e depois vem me cobrar”, disse o morador Anderson Lima. “O trabalhador que trabalha em Embu das Artes terá que ter R$ 197,60 todo mês para o transporte público de má qualidade. Isto é um absurdo, e o pior é que o aumento foi autorizado pelo prefeito que não é prefeito”, disse o morador Ivo Amorim.
> Veja o decreto do prefeito interino Hugo Prado sobre o reajuste do transporte municipal de Embu das Artes
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