Tribunal de Justiça nega habeas corpus e Ney não tomará posse como prefeito

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em São Paulo

O prefeito eleito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), teve negado nesta segunda-feira (19) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo pedido de habeas corpus e segue procurado para ser preso, alvo de operação deflagrada pelo Gaeco (grupo anticrime organizado) do Ministério Público no último dia 9, desde quando é considerado foragido. Ele teve prisão preventiva decretada pela Justiça de Embu por associação a facção criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Prefeito eleito Ney Santos (PRB), que teve pedido de habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça nesta 2ª

Apesar da argumentação da defesa de Ney, que contratou um dos mais renomados criminalistas do país, Alberto Toron, o desembargador Hermann Herschander afirmou não ver ilegalidade na denúncia com mandado de prisão preventiva. Os advogados alegaram que Ney e outros seis foragidos “estão a sofrer constrangimento ilegal” e que a decretação da prisão “se deu de forma absolutamente ilegal, sem justa causa e com fundamentação inidônea”.

“Anoto que a r. [referida] decisão que decretou a custódia cautelar se apresenta fundamentada […]. Os autos parecem efetivamente indicar que desde data já distante, até o presente, o paciente Claudinei [Ney], contando com o concurso dos demais pacientes [denunciados] e dos corréus, capitaneia sofisticada organização criminosa, que lavou e continua lavando expressivas somas em dinheiro proveniente do tráfico de entorpecentes”, diz o juiz relator do habeas corpus.

“A denúncia, apontando os elementos coligidos nesse sentido, refere numerosas indicações do envolvimento de Claudinei com o tráfico de entorpecentes; a par disso, ela relata que esse réu, contando com o concurso dos demais acusados, constitui numerosas empresas sobretudo postos de combustíveis que ocultavam e ainda ocultam a origem ilícita do dinheiro proveniente da droga”, diz ainda o desembargador, em relatório sempre com teor contundente.

“Sempre com o intuito de disfarçar a proveniência ilícita do dinheiro empregado nesses estabelecimentos em valores muito superiores aos seus ganhos comprovados, Claudinei valeu-se da colaboração dos demais pacientes e dos corréus, que emprestaram seus nomes para a formação de fictícias sociedades”, diz – em referência a Elaine Santos (mulher de Ney), Kelvin Felipe dos Santos, Eliane Machado, Michele de Souza Lima e Ricardo Luciano dos Santos.

“O impressionante número de estabelecimentos comerciais criados; a guarda de vultosas quantias em espécie; o alto valor dos bens apreendidos; tudo refere, de forma eloquente, a alta gravidade concreta dos fatos; esta, de si, traduz a periculosidade de seus autores e partícipes. Some-se a tudo isso a circunstância de, embora estar sendo investigada há anos, a organização ainda manter em funcionamento até o presente, em postos de gasolina ativos, a máquina de lavar por ela estabelecida”, aponta.

Segundo o relator, “se concluirá que a prisão preventiva, ao menos à primeira vista, efetivamente se faz necessária para garantia da ordem pública”. “Portanto, não se vislumbra desde logo ilegalidade, que justifique concessão da pretendida liminar. Isto posto, indefiro a liminar”, diz Herschander. Ney buscava o habeas corpus para não ser preso, mas sofreu duro golpe com a negativa. Ele buscava receber o diploma de eleito, sem o qual não está apto a assumir a prefeitura.

A diplomação do prefeito e vice foi suspensa até a sentença. O processo eleitoral corre em separado, mas é baseado na ação criminal, já que o MP aponta que a chapa investigada – Ney-Dr. Peter – teve parte da campanha custeada com dinheiro do crime. A medida deverá ter efeito até a posse dos novos vereadores, quando o presidente da Câmara eleito será empossado na prefeitura até a sentença. Se os réus forem condenados, Embu terá nova eleição para prefeito.

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