ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
O prefeito eleito de Itapecerica da Serra, Jorge Costa (PTB), defendeu a operação do Gaeco (grupo especial de combate ao crime organizado) do Ministério Público do Estado de São Paulo que, com ordem da Justiça, busca prender o prefeito eleito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), denunciado por associação a facção criminosa, lavagem de dinheiro por meio de postos de combustíveis e tráfico de drogas. Não capturado, Ney é considerado foragido desde sexta-feira (9).
Jorge fez a declaração em relação ao vizinho ao discursar durante cerimônia em que os prefeitos, vices e vereadores eleitos de Itapecerica, Juquitiba e São Lourenço da Serra foram diplomados, em auditório lotado, na própria sexta-feira. Diante de autoridades, inclusive o juiz eleitoral da região, ele disse que “o Brasil está tomando jeito, a coisa está acontecendo, antes ficava só no papel”, quando comentou sobre a operação de prisão e busca e apreensão em Embu.
“Tive reunião com alguns amigos que disseram assim: ‘Esta bagunça no Embu tudo de novo!’. De graça não é, ninguém estava na missa do padre Alberto [Gambarini, pároco em Itapecerica] rezando. Alguma coisa tem, deputado”, disse Jorge, ao se dirigir ao deputado estadual Campos Machado (PTB), presente à diplomação. “E se tem, quem deve que pague. Temos que ter responsabilidade com a população”, disse o prefeito eleito de Itapecerica pela quarta vez.
Em entrevista, Jorge reafirmou o apoio à operação em Embu ao citar ação do MP em Itapecerica em 2015 para prender quadrilha que desviava recursos da Câmara. “Como disse, quem deve que pague. Eu não devo, não estou nem aí. Em pequenos erros, a Justiça está um pouco severa demais. Mas alguém tem que tomar rédeas da coisa, fazer com que funcione, pelo momento que o país está passando, a população espera isso, e a gente tem que responder”, disse.
Entre as 14 pessoas alvos de mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Judicial de Embu, sete foram presas, uma irmã, uma prima, um cunhado e assessores/funcionários de Ney, entre eles um contador. Ney responde por liderança da organização criminosa, cuja pena vai de 2 a 8 anos, e a prática, em 130 ocasiões, de lavagem de dinheiro, crime cuja pena prevista em lei para cada fato é de 3 a 10 anos. Os demais denunciados respondem pelos mesmos crimes.
O MP pede que a população ajude a encontrar Ney e os outros seis foragidos – pelo Disque Denúncia, no número 181. Ney divulgou uma nota no sábado em que afirma que as denúncias são as mesmas de seis anos atrás e se diz vítima de perseguição política. Advogados teriam acesso ao processo nesta quarta-feira (14) e buscam obter habeas corpus para que Ney não seja preso e possa participar da diplomação dos eleitos, na próxima segunda-feira (19), às 9h, na Câmara.