ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Um advogado do presidente da Câmara e prefeito eleito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), disse que o político está em viagem desde segunda-feira (5), em negação de que tenha fugido para não ser preso por promotores e policiais do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado). Ney foi alvo de mandado de prisão nesta sexta-feira (9), acusado de ligação com o crime organizado, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Não capturado, ele é considerado foragido.
“[Ney] Não fugiu. Ele está viajando desde segunda-feira, todo mundo que é da cidade [Embu das Artes] sabe que desde segunda-feira ele está viajando”, disse o advogado Joel Matos Pereira. Contudo, a afirmação não é verdade. O próprio perfil de Ney no Facebook traz duas postagens dele em reuniões no dia 6, terça-feira, uma na prefeitura, para transição de governo. “Hoje sentamos com o atual secretário das Finanças José Roberto, e os relatórios são desafiadores”, diz.
A outra publicação mostra Ney em reunião grande com vários apoiadores em volta de uma mesa. “Hoje à noite foi de estratégias e muita conversa. Estive reunido com os VEREADORES ELEITOS e PRESIDENTES de PARTIDOS do nosso município”, diz Ney em postagem na mesma terça. À própria Câmara, na quarta-feira (7), Ney compareceu. Com a falta de energia, ele que anunciou a suspensão da sessão e a anunciou para a manhã de hoje. Procurado, ele não apareceu.
Promotores e policiais estiveram na casa da mãe de Ney, no Jardim São Marcos, que amanheceu cercada por viaturas da PM. Durante cinco horas, vasculharam o local. Atrás de drogas e armas, cães farejadores percorreram a piscina, churrasqueira e o campo de futebol da residência – que, ampla e com espaços de recreação, destoa das casas muito simples do bairro. Abeir dos Santos disse não saber o paradeiro do irmão. “Não sei. Deve estar trabalhando”, disse.
A operação do Ministério Público e da Corregedoria da PM – batizada de Xibalba, submundo governado por “senhores malignos” na mitologia maia – visava cumprir 14 mandados de prisão preventiva e outros 49 de busca e apreensão. Na ação da força-tarefa, sete pessoas foram presas, uma irmã, uma prima, um cunhado, o contador e assessores de Ney. Policiais também estiveram na Câmara e arrombaram a ponta-pés a sala de Ney e do setor de computadores da Casa.
A residência de Ney, um imóvel luxuoso em condomínio de alto padrão em Alphaville, em Barueri (Grande São Paulo), também foi alvo da ação do Gaeco. Com as ordens judiciais cumpridas, a investigação criminal vai ser encaminhada para os promotores eleitorais de Embu. Eleito prefeito com quase 80% dos votos válidos – com a candidatura de Geraldo Cruz (PT), principal adversário, impugnada -, Ney corre o risco de não tomar posse, em 1º de janeiro de 2017.
A operação aconteceu dez dias antes da diplomação de Ney – oficialização de prefeito eleito -, quando passaria a ter foro privilegiado e não poderia ser denunciado pela Justiça em Embu. “[O juiz] Deve perguntar se ele irá se apresentar. Eu já digo que não, os fatos são infundados. Por que às vésperas de sua diplomação ele deve se apresentar?”, disse o advogado de defesa Francisco Tolentino. Em 2010, Ney já havia sido denunciado por elo com o crime organizado.
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