PEDRO HENRIQUE FEITOSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Uma pesquisa realizada por um instituto de cidade do interior do Estado muito distante da Grande São Paulo que coloca o candidato a prefeito Ney Santos (PRB) na liderança da disputa à sucessão municipal em Embu das Artes e publicada por um jornal de propriedade de assessora do prefeiturável não pode ser considerada “séria” e pode ter sido encomendada para beneficiar Ney, aponta a coordenação do candidato concorrente à prefeitura Pedro Valdir (PSD).
Integrante da campanha de Pedro Valdir, o cientista político José Henrique Barbosa disse que o levantamento do Instituto Sebram sobre a corrida eleitoral em Embu é suspeito. “A gente não sabe a seriedade desse instituto, por que um instituto lá de Barretos contrata ele mesmo para fazer uma pesquisa em uma cidade que está a mais de 800 quilômetros de distância. Eu não sei dizer a veracidade, qualidade e credibilidade dessa pesquisa”, afirmou.
Conforme determina a legislação, a pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (nº SP-04312/2016), mas continua passível de contestação. Em julho, em uma cidade também a oeste da região metropolitana, Itapevi, uma pesquisa também do Sebram teve a divulgação barrada por liminar da Justiça por ser considerada irregular, devido a problemas na metodologia e não observância de procedimentos formais necessários, mediante ação de um partido.
A pesquisa foi publicada pelo portal/jornal “Primeiro Embuense”, que traz reportagem sobre o levantamento que sugere manipulação. Uma arte traz a foto e os percentuais de Ney e apenas de outros três candidatos, a sugerir que não existem outros três prefeituráveis, entre eles Pedro Valdir. Um gráfico também só cita os quatro nomes com os respectivos números apurados, ignorando no desenho a evolução ou oscilação de outros postulantes que pontuaram.
Barbosa observa ainda que o jornal é de propriedade da jornalista Adriana Monteiro. Ela é assessora do presidente da Câmara, Ney, como coordenadora de Comunicação do Legislativo, cargo de indicação política, conforme apurou o VERBO no site da Câmara no link “Transparência”, num flagrante conflito de interesses que põe em xeque a isenção e imparcialidade do meio de comunicação – é razoável dizer que a jornalista não repercutiria fato negativo sobre o chefe.
O “Primeiro Embuense” foi registrado só neste ano, em abril, apurou o VERBO. No caso de Itapevi, o jornal que divulgou a pesquisa ilegal não tinha circulação regular e passou a ser distribuído de casa em casa, gratuitamente, só neste ano de eleições. “Tem que ver se é legal essa pessoa ser da equipe de Ney, lotada na Câmara e tendo salário pago com dinheiro público, e fazer um jornal para ele, mas que não vai fazer parte da prestação de contas dele”, disse Barbosa.
O jornal não traz onde as pesquisas foram feitas. Em Itapevi, o Sebram excluiu da pesquisa bairros importantes, acusou o reclamante. Em Embu, o levantamento é visto com grande desconfiança. “Essa pesquisa foi feita na porta do comitê do Ney”, disse uma liderança política. A proprietária do jornal foi procurada, mas não respondeu – o veículo traz sete propagandas de candidatos a vereador, todas da coligação de Ney. Nenhum contato do instituto foi localizado.