ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O ex-vereador Paulo Félix (PC do B) anunciou na quarta-feira (31) a desistência de concorrer a uma vaga na Câmara Municipal e que será substituído pela mulher, Cida Félix. Ele temia ter a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral por ter sido condenado pela participação quando vereador nos anos 1990 em congressos sempre em cidades turísticas no Brasil e no exterior, em episódio conhecido como “farra dos congressos”. Félix integrou o Legislativo até 2012.
Félix foi vereador por seis mandatos – 26 anos de Câmara -, em trajetória em que foi militante “radical” do PT, de 1980 a 1995, desertou para compor com prefeiturável do PMDB, em 1996, aderiu ao prefeito eleito Fernando Fernandes (PSDB) em 1998, foi aliado de Analice Fernandes (PSDB) até a reeleição da deputada estadual em 2006, fez oposição ferrenha ao governo Evilásio Farias (PSB) e depois virou líder do prefeito, até romper na esteira da máfia do IPTU.
À época, 2012, Félix recebeu da Câmara – da qual foi presidente em 2001-2002 – o título de “Cidadão Taboanense”. Na ocasião, já condenado em segunda instância e pela lei da “ficha suja” alijado das eleições pelo processo dos gastos com viagens a congressos, que afirma que eram legais, ele já lançou a mulher a vereadora. “É a Cida a minha herdeira política, agora, deixa o povo julgar”, disse. No PMDB, Cida foi a quinta mais votada (2.292 votos), mas não se elegeu.
Com a “sucessora” sem mandato, Félix foi preterido por Fernando na composição do governo e virou oposição – diz, porém, não ter aceito cargos por Fernando “esquecer” promessas de campanha. Ele voltou às “origens” ao liderar o Movimento dos Sem-Terra (MST) contra o governo em protesto por moradia e fim das “mortes na saúde”. Após ensaiar volta ao PT e chegar a apoiar um petista nas eleições em 2014, passou para o lado do prefeiturável Aprígio (PSD).
Félix vai integrar a coordenação da campanha de Aprígio, como responsável de elaborar o programa de governo na área de habitação. “Ele atendeu o meu pedido, estou precisando que venha para a coordenação para a gente elaborar um plano de habitação bom para nossa cidade, e a pessoa mais capacitada do meu grupo para criar um plano de habitação popular é o Paulo. Ele tem capacidade e conhecimento”, disse Aprígio ao lado de Félix na entrevista.
Félix se disse preparado para a tarefa. “Tenho como espelho [o conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida no Jardim Salete] João Cândido A e João Cândido B que fizemos e já recebeu dois presidentes da República [Lula e Dilma Rousseff]. Vamos fazer o maior programa de habitação, não só de construção, mas de regularização fundiária desta cidade”, disse, segundo o “Taboão em Foco”. Ele batizou o programa de “Minha Casa Taboanense”.
Ele disse ser viável um programa tão amplo com parceria com os governos federal e estadual. “Dinheiro tem. O que não tem são projetos. Não tem dinheiro para quem não tem projetos”, disse Félix, que deverá ser secretário de Habitação em caso de eleição de Aprígio. Incensado agora, Félix – que chegou a ser cogitado como candidato a vice – foi criticado por aliados por não “levar ninguém” do movimento que lidera para engrossar a esvaziada convenção de Aprígio.