ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador e candidato a prefeito de Embu das Artes Ney Santos (PRB) atacou na semana passada o prefeito Chico Brito (sem partido) pela primeira vez em público em pelo menos dois anos, desde que se aliou ao mandatário em acordo para virar presidente da Câmara, ganhar cargos de indicação política na prefeitura e usufruir de obras como base governista, em troca de impedir a eleição de Geraldo Cruz (PT) à prefeitura e votar projetos e contas do aliado.
Ney atacou o aliado Chico anteriormente, mas às escondidas. Ele mandou aliados e apoiadores divulgarem um vídeo hostil há mais de um mês, no início de julho, em que diz que Geraldo e Chico são do PT e “são a mesma pessoa”, conforme apurou o VERBO. Após fracassar na estratégia de bater na tecla de que Geraldo é do PT, Ney mudou de tática e tentou desgastar o rival pela associação com Chico, que tem uma administração muito mal avaliada pela população.
Apesar da “lealdade” de Chico, que, além de manter a palavra, chegou a se desfiliar do PT para não ter de apoiar Geraldo, Ney não hesitou em abrir “fogo amigo”, ao orientar o grupo político a compartilhar o ataque contra o aliado. Ele próprio, porém, nunca postou ou o atacou em público. Pelo contrário, até disse que Chico “vem fazendo um ótimo trabalho”. “Prefeito, por tudo que tem feio pelo nosso povo, o senhor terá um cantinho guardado no céu”, exaltou.
Ao mandar atacar e se “esconder”, Ney evitava se indispor com Chico e perder “benesses” da gestão, como “conseguir vaga de creche quando quiser”, como já revelou. Ele parou, porém, com o “jogo de cena”. No dia 22, postou vídeo em defesa do candidato a vice que, no fim, mostra imagem – soturna – de Geraldo ao lado da de Chico, ambos em meia face, com a frase e a locução “Geraldo Cruz e Chico Brito do PT, por que não fizeram?”, sobre suprir a falta de médicos.
Ney investiu contra Chico após ser chamado de “mentiroso” pelo prefeito. Ele não esperava e ficou atordoado em ser desqualificado por Chico, então aliado. Onze dias antes, Chico publicou vídeo para dizer que Ney tem o apoio de oito secretários municipais e ao falar “que não tem nada a ver com meu governo” está “mentindo”. Citou também Geraldo, mas, apesar da animosidade já antiga com o petista, nunca tinha tido tal reação. O destempero foi creditado a Ney.
Chico postou o vídeo “furioso” mesmo uma semana após reunir a base aliada. Na conversa com os vereadores, tensa, disse que não adiantava atacar o governo que “as informações chegavam”, e avisou que quem “falar mal tem que sair”, apurou a reportagem. Como a reunião não teve efeito em vista de que aliados de Ney, inclusive assessores próximos, continuavam postando vídeo em que era ridicularizado, Chico contra-atacou. Detalhe: Ney não compareceu à reunião.