ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE
Sem-teto que invadiram no dia 28 de maio terreno particular no fim da avenida Castelo Branco, no Parque Laguna, em Taboão da Serra, foram retirados da área na manhã desta quinta-feira (11) em reintegração de posse cumprida pela Polícia Militar, de forma pacífica. De acordo com líder do grupo, cerca de 1.500 famílias estavam na propriedade, de Pedro Basile, família conhecida por ter muitas terras em Taboão. Máquinas derrubaram os barracos de madeira.
A Justiça determinou que os sem-teto fizessem a desocupação voluntária do terreno até ontem (10). O líder do grupo, que se identifica apenas como Pato, disse que as famílias devem agora ocupar, até o fim da semana, a porção mais acima da área, já na parte do município de São Paulo, que seria pública e não alvo de reintegração. “Vamos acomodar todos, nem que seja um por cima do outro, como o poder público quer”, disse Pato, segundo o “Taboão em Foco”.
No terreno durante a ação de cerca de 250 PMs, o advogado do proprietário, Rosenil Nicodemo de Lima, destacou a forma “tranquila” como se deu o cumprimento da ordem judicial e disse que está em negociação a construção no local de “galpões devido à localização estratégica entre a rodovia Régis Bittencourt e a rodovia Raposo Tavares, perto do Rodoanel”. “Isso vai trazer desenvolvimento e emprego para Taboão da Serra”, disse o defensor do Basile ao site.
Com a pretensão de ter a área destinada a moradia popular, o grupo realizou protestos em Taboão para pressionar a administração municipal. No dia 22 de julho, chegou a parar a região central de Taboão ao bloquear a rodovia Régis Bittencourt em passeata até a prefeitura. Persistentes, os sem-teto fizeram ser recebidos pelo prefeito Fernando Fernandes (PSDB), que já tinha se reunido com uma comissão na semana anterior. Contudo, não foram atendidos.
A reunião foi tensa e marcada por incidente. Na antessala, uma repórter do Mídia Ninja se aproximou da porta fechada e foi abordada pelo secretário de Segurança, Gerson Brito, com agressividade. “Dava para ouvir os gritos do prefeito com os moradores, e fui filmar as agressões verbais. Ele tentou pegar no meu braço e meu celular, foi agressivo e grosso, usando do fato de ser homem, voz grave, tentando me intimidar”, contou a jornalista Tuane Fernandes.
Fernando também se irritou com os vereadores Cido (DEM), presidente da Câmara, e Érica Franquini (PSDB), que se ofereceram a ajudar o grupo. Inusitado, um aliado do governo criticou Érica. “Para surpresa de muitos a manifestação não estava sendo conduzida por nenhum político da oposição, mas pela vereadora Érica da Enfermagem (PSDB), mesmo partido do prefeito Fernando Fernandes”, disse Adalberto Franco no Facebook. Cido e Érica não comentaram.