ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O pré-candidato a prefeito de Embu das Artes Ney Santos (PRB) realizou convenção partidária no último domingo (24), no ginásio Hermínio Espósito (centro), em que disse que será alvo de adversários, pela vida pregressa e opções políticas feitas, e chegou a dizer que precisará de “blindagem”, mas que irá “também bater muito”. Ele rebateu os que “saíram espalhando” que não registraria a candidatura – apesar de a Justiça Eleitoral ainda não ter analisado os pedidos.
Ney foi investigado por compra de votos com “vale-combustível” em 2010 e recorre no Tribunal Superior Eleitoral após ser condenado pelo juiz eleitoral em Embu e pelo TRE (segunda instância) por também angariar votos de forma ilícita com atendimento de saúde por meio de ONG em 2012, pelo que pode ser impugnado pela Justiça. Ney é ex-presidiário. Em 2003, ele foi preso ao praticar assalto a transportadora de valores em Marília (SP) e permaneceu preso até 2006.
Em discurso na “defensiva” e sem citar uma bandeira eleitoral, apesar de fala de mais de meia hora, Ney procurou dizer ser vítima de perseguição desde que enveredou pela política, quando passou a mirar quem considera o principal rival, Geraldo Cruz (PT). “Os adversários que disputam a cadeira de prefeito, até o que já teve oportunidade de fazer e não fez e hoje quer voltar ao poder, o que eles mais sabem fazer é difamar, é falar mal de quem não está com ele”, disse.
Antes, Ney disse dar a “largada que nos levará ao caminho da nossa vitória”. “Agradeço de coração a todos aqueles que hoje fazem parte deste exército que vai percorrer os quatro cantos desta cidade durante 60 dias, 45 dias, defendendo Ney Santos, apanhando com Ney Santos e levando o nome de Ney Santos. Ney Santos não vai chegar sozinho a lugar nenhum se não tiver vocês do meu lado, fazendo parte dessa blindagem que nós precisamos”, disse o pré-candidato.
“Não será fácil, durante 45 dias de campanha vamos apanhar, mas também bater muito, até porque neste time não tem covardes, não leva desaforo para casa, quando tem que guerrear, guerreia”, falou o líder da coligação PRB-PMDB-PSDB-PMB-PTC-PSB-DEM-PV-PR-PTN-PT do B-PSC-PRP-PP. Ele acusou que os adversários “estão tramando contra nós”. “Saíram espalhando na rua que essa convenção não existiria, que Ney Santos não registraria a candidatura”, disse.
Ao reagir aos que diziam que “estaria impugnado”, como se a questão já tivesse definida, Ney disse que “nunca esteve e nunca vai estar sozinho”, mas sempre “com Deus”, quando uma música gospel foi tocada, em ato programado. Ele chorou e se eximiu das acusações há seis anos. “Não estou dizendo que sou santo – como aqui ninguém é. Mas não tem dor maior do que ser culpado de coisa que não fez. Deus conhece meu coração e sabe o que estou falando”, disse.
Ney passou a contar uma história de que “quando aconteceu aquilo comigo fiquei sem chão” e procurou uma igreja, onde uma fiel disse que Deus o faria ter “dupla honra”. “Isso tem sete anos”, disse, apesar de as denúncias terem sido em 2010. “A dupla honra foi mostrar que passaria por cima de tudo e ser o vereador mais votado proporcionalmente no Brasil e, creio, ser o prefeito mais votado de Embu. Nada vai atrapalhar ou abalar a minha fé e a fé de vocês”, disse.
No início do discurso, Ney se queixou de que parte da equipe que “acreditou lá atrás, em 2008, no sonho de um jovem que não sabia nem o que era política” tenha rompido com ele, mas culpou os ex-assessores. “Para enxergar o futuro, é importante a gente saber valorizar os que sonharam comigo. Infelizmente, muitos que nos ajudaram, por vaidade, por não saber dividir espaço não estão aqui, mas tenho certeza que o coração delas está torcendo pela gente”, declarou.
Na convenção, Ney confirmou o ex-vereador Milton do Rancho (PMDB) como vice. O ato reuniu cerca de 4 mil pessoas, pela estimativa do VERBO – 6 mil, pela equipe do pré-candidato. Quatro horas depois do início, Ney discursou, porém, com o ginásio já esvaziado e se irritou. “Agradeço aos que tiveram respeito de ficar para nos ouvir falar, vocês não são individualistas que vêm só aqui ouvir se são candidatos ou não”, disse. Impaciente, Ney pediu silêncio várias vezes.
Com a tática de Ney de se afastar do prefeito Chico Brito (sem partido) por causa do governo rejeitado pela população, secretários de Chico não presidentes de partidos – Clóvis Cabral, Paulo Vicente, Roberta Santos e Edson Bezerra – não compareceram, apesar de manifestarem apoio a Ney. O secretário Francisco Pereira (Transportes), o Kall, foi a única exceção, mas integra a coordenação de campanha. O deputado estadual Jorge Caruso (PMDB) esteve presente.