RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador de Embu das Artes e pré-candidato a prefeito Ney Santos (PRB) passou a associar a imagem do prefeito Chico Brito (sem partido) à do também postulante à sucessão municipal Geraldo Cruz (PT) para tentar desgastar o adversário na disputa. Ney direciona novo ataque, a três meses das eleições, após fracassar na estratégia de martelar nas ruas que Geraldo é do PT, inclusive ao encomendar material com o slogan “Quem é do bem não vota no PT”.
Apesar de o PT sofrer abalo de confiança por conta de corrupção na esfera federal, Geraldo é apontado como quem tem trajetória própria e com boa gestão quando prefeito (2001-08), reconhecido até por adversários como o presidente do DEM-Embu, Alcionei Miranda. “Geraldo é a melhor opção para a cidade por ter experiência, uma vez que, quando saiu da prefeitura, tinha aprovação de mais de 70% da população”, disse Alcionei, antes de passar a apoiar Ney.
Como o esforço de carimbar Geraldo como figura do PT não surtiu efeito, Ney diz agora que Chico “está junto” com Geraldo. Por ordem de Ney, aliados têm difundido “parceria” entre Geraldo e Chico, que o real racha entre os dois foi simulação de “uma briga em busca de um ideal” e chegam a sustentar que Chico saiu do PT, mas tem Geraldo como candidato, quando o próprio prefeito admitiu que tomou a decisão para poder apoiar também o aliado Ney.
Ney visa atingir Geraldo. A estratégia tem explicação. É que Chico amargaria alta reprovação por conta de má gestão e erros administrativos como obras paradas e equipamentos entregues com funcionamento precário ou suspensão do atendimento. O próprio Ney considera a “rejeição” do governo Chico, mas diz que tem a imagem atrelada ao prefeito por artimanha do PT, quando o próprio vereador se aliou a Chico para enfrentar Geraldo e virar presidente da Câmara.
Um caso emblemático é o fechamento da maternidade para reforma, segundo o governo Chico. Aliados de Ney criticam que, “por falta de verba e com o objetivo de cortar custos, a única maternidade está fechada sem previsão de abertura”. Curiosamente, depois de não ter fiscalizado e ser pego de surpresa com o fechamento, o próprio Ney disse apoiar a medida. “Até que prove o contrário, ele [Chico] não está errado, e se ele não fecha e acontece uma tragédia?”, disse.
Após usufruir por mais de dois anos das benesses de ser da base de governo, como cargos na prefeitura e conseguir vaga de creche na hora que solicitar, conforme já revelou, e poder aparecer ao lado do prefeito em inauguração de obras pela cidade – além do apoio do “mentor” para presidir o Legislativo -, Ney tentaria descolar a imagem de Chico e vincular o prefeito a Geraldo. Curiosamente, Ney manda aliados reproduzirem, mas ele próprio não faz o ataque.
“Ney está fazendo isso porque tem dado de que Chico tem reprovação de 80% na cidade. Ele tentou bater no Geraldo por conta do PT e não adiantou, e só está perdendo espaço. Ele quer que as pessoas acreditem que Chico e Geraldo são a mesma pessoa, mas até poucos dias atrás estava querendo posar para foto junto com o prefeito, dizendo que era o candidato do Chico. Agora, não quer mais não. Ele está desesperado”, disse uma liderança política da cidade.
Para um militante do PT, porém, Ney não foi para oposição e o vereador e Chico continuam aliados. “É tudo conversa fiada, eles permanecem juntos. É que a imagem do Chico colocou no Ney e negativamente”, disse, ao reforçar suspeita de que a estratégia de Ney de descolar de Chico tenha sido planejada pelos dois, desafetos de Geraldo. Procurado pelo VERBO, Chico disse para ligar às 13h, mas depois não atendeu no horário. Já o telefone de Ney deu linha ocupada.