Padre de Taboão denunciado retoma paróquia neste domingo; processo segue

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O padre Carlos Alberto de Souza, da Paróquia São Pedro Apóstolo no Parque Pinheiros, em Taboão da Serra, volta a rezar missa neste domingo (3) após quase dois meses afastado devido a denúncias de agressão e assédio feitas por fiéis. Ele teve o “uso de ordens” suspenso, pela Diocese de Campo Limpo, a Igreja Católica na região, em 16 de maio, desde quando estava proibido de celebrar e ministrar sacramentos. Ele retoma o ministério, mas o processo segue.

Uma fiel denuncia que no dia 3 de abril o filho adolescente foi agredido pelo padre Carlos em reunião dos jovens da paróquia. “Foi na frente de muitas pessoas. Ele machucou meu filho, deu uma gravata enforcando e arrastando para fora da igreja, rasgando a camisa dele e unhando. Se os amigos não separassem, poderia ter feito meu filho desmaiar. Foi chamada viatura [polícia] na igreja. Fiz BO, corpo de delito, tenho laudo médico, fui até no Conselho Tutelar”, conta.

Pe. Carlos ao abençoar UBS uma semana depois da agressão e um mês antes de ser suspenso de uso de ordens

Após amigos do adolescente enviarem mensagens à Diocese, o bispo dom Luiz Antônio Guedes, superior do padre Carlos, constituiu uma equipe de três sacerdotes para apurar o caso. A comissão chamou a família e testemunhas. “Ouviram todos que mandaram e-mail. Eu e meu filho ficamos mais de três horas dando depoimento. Disseram para não ficarmos com medo. Até nos pediram desculpas, e para não perdermos a fé, nem sair da Igreja Católica”, diz a mãe.

Considerado “estourado” até por colegas padres, Carlos tem histórico de destrato e atritos com fiéis em momentos ao longo de quase 30 anos na paróquia. Nos anos 1990, ele pôs para fora da missa uma mãe por causa do choro do filho. Há cerca de dez anos, ele quase se atracou com um agente pastoral por desentendimento e expulsou um casal atuante da paróquia. De um ano para cá, ele vinha se indispondo com fiéis ao homenagear e pedir votos para políticos no altar.

O caso já foi analisado pela comissão da Diocese e passou a segunda instância, ao Tribunal Eclesiástico de São Paulo, cujo perito avalia as provas. A expectativa é de que o resultado da investigação não demore, já que o bispo tem pressa no desfecho. Mas pesariam contra o sacerdote denúncias mais graves, até de assédio a menor, conforme apurou o VERBO. Contudo, padre Carlos obteve uma “liminar” para reassumir a paróquia, apesar da continuação do processo.

O VERBO tentou durante a tarde deste domingo falar com o padre Carlos no celular e no telefone da paróquia, mas ele nem ninguém atenderam as ligações. Por meio de uma advogada, Márcia Garcia, ele fez um comunicado de que “foi afastado das funções ministeriais na data de 16/05/2016, não podendo rezar missas e nem tampouco ouvir confissões e as demais funções eclesiásticas. Isso ocorreu frente a algumas denúncias feitas junto à Diocese de Campo Limpo”.

“Até hoje o padre Carlos desconhece quais foram as denúncias, mas está certo que nada fez que pudesse justificar seu afastamento. Toda a comunidade se cotizou para provar que as denúncias eram falsas, formuladas somente para prejudicar o padre Carlos. Incansáveis foram as tentativas de revogar o afastamento. Mas, na data de hoje, 01/07/2016, a Diocese ponderou e voltou atrás em sua decisão, revogando o afastamento do padre”, sustenta a advogada do padre.

“Sabemos que as denúncias ainda estão sendo averiguadas, mas toda a comunidade sabe de sua inocência e de seu compromisso com a mesma. Além disso, não mediremos esforços para provar a inocência do padre Carlos […] Seu retorno às funções ministeriais será consagrado no próximo domingo [3] às 19 horas na Paróquia São Pedro Apóstolo”, diz Garcia. A missa com leitura da ata de recondução do padre será presidida pelo monsenhor Aguinaldo de Carvalho.

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