ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra e Embu das Artes
Milhares de católicos na região celebraram Corpus Christi nesta quinta-feira (26) com grandiosas missas e procissões sobre tapetes feitos com materiais como serragem, pedras e areias coloridas em vias públicas, que encantaram os fiéis. Instituída pela Igreja no século 13 e chegada ao Brasil com os portugueses, a festa do “Corpo de Cristo” se origina na última ceia durante a Semana Santa, mas é transferida para maio ou junho e ocupa as ruas para ter mais solenidade.
Em Taboão da Serra, monsenhor Aguinaldo de Carvalho saiu do Santuário Santa Terezinha e caminhou com ostensório (suporte de metal) com a hóstia consagrada, o corpo de Cristo, conforme o catolicismo, sobre símbolos de temas religiosos produzidos nas ruas do Tesouro (ao lado da BR-116), Jovina de Carvalho Dau, Ernesto Capelari, Felinto Müller, avenida Armando Andrade e Tereza Maria Luizetto (centro), de volta à igreja. Centenas de fiéis seguiram na procissão.
Entre os mais de 120 tapetes confeccionados desde as 5 horas da manhã, jovens fizeram de TNT e lembraram entre os desenhos o da Jornada Mundial da Juventude, neste ano, na Polônia. Obras sociais como o Cepim-Casa dos Velhinhos e serviços do santuário também foram retratados. A Pastoral da Calçada chamou atenção. “Achei diferente. Mas é cada um mais lindo que o outro. É uma oferta, um carinho dos cristãos a Deus”, disse a dona de casa Fátima Martins, 56.
Em Taboão, várias outras paróquias celebraram Corpus Christi conforme a tradição. Católicos da Igreja São João Batista, no Pirajuçara, realizaram missa campal em rua lateral ao Poupatempo e adoraram Cristo na passagem sobre os tapetes que produziram no início da manhã, pelas mãos do padre Lídio Lisboa. O pároco, padre Kieran Ridge, que sofreu um AVC e se recupera, voltou a ficar entre os fiéis, no altar. “Hoje a missa foi mais que especial”, disse Evelyn Pereira, 27.
Em Itapecerica da Serra, onde a tradição dos tapetes litúrgicos é a mais antiga na região e atrai milhares de fiéis, o padre Alberto Gambarini levou o corpo de Jesus sobre verdadeiras obras de arte no chão em torno da praça central da cidade, em piedosa procissão, após missa na escadaria do Santuário Nossa Senhora dos Prazeres. “A missa de Corpus Christi, com a procissão e bênção, é uma oportunidade especial para avivar a nossa fé no amor de Deus”, disse o padre.
Em Embu das Artes, fiéis da Paróquia São José e Santo Eduardo realizaram missa de Corpus Christi, no Dom José, e depois fizeram procissão, com passagem em frente à UPA Dra. Zilda Arns, até a Comunidade São Gabriel. Do lado de fora da igreja, em pequeno altar, o pároco, padre Paulino de Moraes, fez orações e deu bênção solene aos católicos – três tapetes foram produzidos, na matriz, no trajeto e na chegada. O deputado estadual Geraldo Cruz (PT) participou.
No centro de Embu, após missa no estádio, no início da noite e com velas acesas, os católicos acompanharam o padre Sebastião Gomes, pároco local, ladeado por coroinhas, conduzir o corpo de Cristo sobre mais de 50 tapetes desde a ladeira da rua Nossa Senhora do Rosário – com desenhos, entre outros, do “pão da vida”, Jesus, Maria e anjos. Depois de quase 15 minutos de procissão, os fiéis se concentraram em frente à antiga igreja dos jesuítas e adoraram Jesus.
Fiéis envolvidos na feitura dos tapetes lembraram que de uma hóstia saiu sangue ao ser partida, segundo a Igreja, há mais de 700 anos, que também propiciou a solenidade. “A gente faz até hoje os tapetes nas ruas para comemorar o milagre de Corpus Christi, porque sabe que o corpo de Cristo vai passar. Muitas pessoas não entendem exatamente, mas acham bonito ao ver que a gente faz com alegria, não para elas em si, mas para Deus”, disse Juliana Neves, 27.