ANA CAROLINA RODRIGUES
ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O vereador Eduardo Lopes (PSDB) anunciou na sessão da Câmara de Taboão da Serra nesta terça-feira (10) que a próxima audiência da CEI (Comissão Especial de Inquérito) ou CPI contra a Cooperativa Habitacional Vida Nova, da qual é o presidente, será nesta quinta-feira (12), e não mais nesta quarta. A mudança foi motivada pela desorganização da presidência e administração da própria Câmara Municipal, que já tinha cedido antes o plenário para um culto religioso.
“O plenário já estava reservado para realização de um culto dedicado a uma criança que entrou em óbito, solicitado pelo vereador dr. Eduardo Nóbrega. Devido a essa agenda, migramos para a quinta-feira às 18 horas”, disse Lopes, que chegou a soltar informe da audiência nesta quarta. A direção da Câmara “lembrava”, porém, da realização do culto pelo menos desde quinta passada, mas só divulgou a nova data na sessão através do vereador, apenas 48 horas antes.
Lopes também determinou que o público está proibido de acompanhar a audiência desta quinta na Câmara. Ele admitiu ter antes convidado a população para presenciar a CPI, mas alegou questão de segurança. “Eu não tinha ideia do que ia acontecer na primeira audiência. Alguns dos episódios [foram] falácias, palavras de baixo calão. Um grupo chegou aqui às 15 horas [três horas antes], as pessoas vieram instruídas, orientadas, com um único discurso”, disse.
Nesta nova data, quinta, em convocações remarcadas após a Justiça derrubar liminar que suspendia a CPI, o presidente da cooperativa, o ex-vereador Aprígio (PSD), deverá ser ouvido, além dos secretários Joel De Sanctis (Assuntos Jurídicos) e Rogério Balzano (Obras). De acordo com ato do presidente da Câmara, a CPI investiga eventuais irregularidades no desdobro em 2006 de área de 104,3 mil m2, hoje a avenida Vida Nova (altura do km 271 da rodovia Régis Bittencourt).
“Os munícipes devem participar, mas, levando em consideração o que aconteceu, estou agora querendo primar pela segurança de quem vai estar [assessores e imprensa]. Ficou claro para mim que as audiências podem ser palco de tragédia. Existe o grupo que defende a cooperativa do sr. Aprígio e existe um grupo político que não defende e também quer participar, incidente pode causar um caos muito grande e inviabilizar a CPI que tem o intuito de investigar”, disse.
Lopes disse que nas próximas “munícipes de bem” poderão estar, “não grupos que vieram, inclusive, desprovidos de informação, achando se tratar de tirar o emprego dos pais [operários da cooperativa], tamanha a ignorância”, disse. Ele apelou a razão elitista. “Já terá a presença da imprensa e assessores que julgo serem pessoas de um nível de percepção mais aguçado, não vão se prestar a ficar badernando ou causar desconforto no andamento das investigações”, disse.
TROCA
Ao final da sessão, o vereador Carlinhos do Leme (PSDB) pediu para deixar de fazer parte da CPI, alegando motivo pessoal. “Respeito a decisão dele, como de qualquer membro. Temos 10 assinaturas [pela criação da CPI], a CEI não vai parar”, disse Lopes. A troca foi vista como uma manobra do governo Fernando Fernandes (PSDB), já que Carlinhos, reservado, evita embates políticos. O substituto, Eduardo Nóbrega (PSDB), tem estilo combativo e é desafeto de Aprígio.