Câmara de Taboão entrega medalha a mulheres, mas boicota homenageada

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

A Câmara de Vereadores de Taboão da Serra realizou na noite desta quinta-feira (31) a entrega da medalha “Laurita Ortega Mari” – que foi prefeita de Taboão – a mulheres que se destacam na atividade que exercem ou pelo trabalho social que executam no município, na quinta edição, mas boicotou uma das pessoas que tinham sido escolhidas para receber a honraria, em uma postura que coloca em xeque a credibilidade da iniciativa e a organização do evento.

Vereadora Érica, que alegou não saber quem avisou indicada de que não seria mais agraciada, conduz sessão

A jornalista Renata Gomes tinha sido indicada para receber a medalha há semanas e tido a confirmação da escolha, mas somente no fim da manhã desta quinta-feira, a poucas horas da sessão, foi avisada de que não receberia mais a honraria, de maneira insólita – pelo Facebook, não em um comunicado oficial. A alegação foi que “cortaram as homenageadas pela metade”, entre elas a jornalista indicada, “por causa do custo” – apesar de uma medalha simples.

A vereadora Érica Franquini (PSDB), organizadora da entrega da medalha, negou boicote à jornalista. “A Renata era minha homenageada. Fui para Brasília, deixei tudo com a minha assessoria, que lançou uma lista na internet onde não estava o nome dela. Eu não sabia dessa lista. A minha assessoria errou, não colocou o nome dela, e ela se sentiu ofendida. Mas era para ela vir, não sei quem falou para ela que não seria mais homenageada”, afirmou Érica ao VERBO.

Uma assessora de Comunicação da Câmara, Sandra Pereira – cargo de indicação política -, interferiu na entrevista e disse que Renata não foi contatada por ninguém da Casa, sugerindo que a pessoa optou por não receber a medalha. Curiosamente, quem informou Renata de que não seria mais homenageada foi a própria Sandra, que, porém, não disse na hora ter sido ela quem a avisou, nem ter citado o alegado fim da verba. Érica não mencionou em momento algum questão financeira.

Jornalistas que cobriam a sessão solene dividiram a atenção entre os discursos e a informação da retirada da homenagem à profissional de imprensa e ficaram indignados com o boicote, que classificaram como um desrespeito e “ridículo” pelas circunstâncias da decisão.

Procurada pelo VERBO ainda logo após a sessão solene, Renata falou sobre a indicação para a medalha e disse que quem primeiro a comunicou foi a mesma Sandra, há quase um mês, e que depois foi indicado por um jornalista a um membro da comissão organizadora. “Aí hoje [nesta quinta-feira] às 11h47, recebi a mensagem da Sandra falando que tinham reduzido o número de homenageadas, e que eu não receberia mais a medalha, por causa do custo”, contou.

Indagada se foi boicotada, Renata disse: “Eu acredito que sim!”. A suspeita é de motivação política. Uma jornalista séria e respeitada, Renata é repórter do jornal “Hoje”, que vem publicando reportagens questionando a gestão do prefeito Fernando Fernandes, também do PSDB de Érica, e que como aliados os vereadores da mesa-diretora da Casa. Nos últimos dias, Renata apurou suposto estupro no Pronto-socorro Antena, e justamente ontem publicou sobre o caso.

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