ANA PAULA TIMÓTEO
Da Redação do VERBO ONLINE
O PT repudiou nesta quarta-feira (9) o ataque de Ney Santos (PSC) ao partido duas semanas atrás e escancarou o “ódio” seletivo do vereador à sigla ao expor que outras legendas também entraram em 2012 com o processo de cassação por compra de votos contra o parlamentar. No último dia 24 de fevereiro, Ney acusou só o PT pela ação judicial e disse que “o PT nunca mais governará Embu, esse mesmo PT que está desgraçando a vida de nosso país vai sair de nossa cidade”.
No início da sessão acalorada, o líder da bancada petista na Câmara, vereador Doda Pinheiro, foi à tribuna e leu nota do PT relatando que “as coligações constituídas para a disputa das eleições de 2012 na cidade de Embu das Artes, representadas pelos partidos e vereadores eleitos abaixo relacionados, ingressaram com uma ação de investigação judicial eleitoral do então candidato Ney Santos, referente a utilização da ONG Vida Feliz em prol de sua campanha”.
Após mencionar as coligações – PC do B-PTC-PPL, PDT-PMDB-PRP, PPS-PV-PTB-PTN, PSB-PSD-PRP e PT-PRB (15 partidos) -, representantes legais e vereadores como autores também da denúncia na Justiça, a nota observou que “cabe ressaltar que, talvez, por um lapso de memória o vereador Ney Santos cita somente o PT por essa ação judicial, sendo que foi proposta e assinada pelas coligações, presidentes dos partidos e com apoio dos seus candidatos e lideranças”.
“Diante disso, o Partido dos Trabalhadores, sua bancada e militância repudiam veementemente acusaçôes infundadas que sofreu pelo presidente desta Casa. Todavia, o PT reafirma posição exposta na ação judicial e confia no Judiciário para coibir a prática de compra de votos em Embu das Artes, Estado de São Paulo e no Brasil”. Doda disse que a defesa do PT não feita por não se ter “nem mesmo condições de segurança”, com apoiadores de Ney em massa no plenário.
Ney respondeu ao vereador Doda, mas se esquivou de falar ter escolhido como alvo somente o PT. “O que me chama mais atenção é que você teve quase 15 dias para fazer essa nota. Você e as demais pessoas do PT que estão aqui podiam fazer um repúdio na avenida Paulista nesta manifestação de domingo, dia 13, contra todos aqueles que fazem parte da [Operação] Lava Jato, que estão destruindo sonhos, esperanças, destruindo a vida do povo brasileiro”, disse.
Ney frisou que “o que está acontecendo em Embu não é nem a metade” do que está ocorrendo no país. Partidário de Ney, Carlinhos do Embu (PSC) disse que o PT “é o partido que está cheio de corrupção”. Doda pediu um aparte. Júlio Campanha (PTB) interferiu e disse que não cabia, aumentando o clima tenso. O vereador João Leite, presidente do PT em Embu, se manifestou em defesa do partido e disse que “não foi uma nota do vereador Doda, foi decidida pelo PT”.
“É engraçado como as pessoas esquecem rápido, todos aqui, com exceção do Carlinhos e do presidente, mesmo que não assumem, assinaram. Eu espero que ninguém possa achar ainda que está acima lei, ou alguém aqui é bobo? Vereador, o senhor não é inocente, sabe que assinou, era interessante para V. Excia. Não venha aqui dar uma de que não sabia”, cutucou João Leite ao se dirigir a Campanha, que pediu réplica. Doda “deu o troco” e disse que não cabia.
Edvânio Mendes (PT) também pediu a palavra e chamou de “fatídica” a sessão em que “nós vereadores não podíamos nem sequer nos pronunciar” ao acusar coação e descumprimento do regimento. Ele disse, porém, sobre a nota ser lida só duas semanas depois, que “o PT não demorou, colocou na hora certa”. “São 15 partidos que assinaram, está registrado, mesmo que os senhores [vereadores], neste momento da política, escolheram outro caminho”, alfinetou.
Edvânio leu de novo a nota e citou mais uma vez os nomes dos vereadores, quando Clidão do Táxi (PC do B) quis aparte. Ao ter pedido negado pelo colega, o então diplomático vereador apontou o dedo para o petista e se exaltou. Edvânio respondeu ainda a Carlinhos e disse que “o senhor votou nestes 3 anos ‘n’ projetos do governo Chico Brito, do PT, e participou ao lado do prefeito da entrega do kit de material escolar que o ex-prefeito Geraldo Cruz, do PT, iniciou”.
Doda pediu que os que se beneficiam da gestão, mas atacam o PT que saiam do governo. “Alguns papagaios-de-pirata queiram ou não, vão ter que aturar, porque comem do prato do governo. Se está contra, pegue o seu banquinho e rapa, sai fora!”, disparou. O PT passou a ser “massacrado” após Ney virar presidente da Casa, com apoio de Chico. Contudo, seis secretários municipais participaram da sessão para marcar posição do PT de rebater os ataques de Ney.
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NOTA DO PT SOBRE COLIGAÇÕES NA AÇÃO CONTRA NEY SANTOS E POSIÇÃO ANTE ACUSAÇÕES DO VEREADOR