RÔMULO FERREIRA
Da Redação do VERBO ONLINE
Um dia após ser cassado por compra de votos em 2012, o vereador Ney Santos (PSC), presidente da Câmara de Embu das Artes, usou a sessão nesta 4ª-feira (25) para se defender da condenação e atacou o PT, mas omitiu que a coligação (“Pra fazer ainda mais”, do prefeito Chico Brito-PT) que abriu o processo contra ele era formada por 17 partidos e presidentes ou líderes dessas siglas que hoje o apoiam como pré-candidato a prefeito também “assinaram” a ação.
O TRE-SP cassou Ney por unanimidade. Para o relator do processo, juiz André Lemos Jorge, não restaram dúvidas de que o então candidato se valeu de evento beneficente promovido pela ONG (organização não governamental) Vida Feliz para angariar votos no município, em 2012, quando foram oferecidos serviços de atendimento médico, odontológico e estético à população. Ney constava em panfletos e faixas, em que tinha o nome vinculando à realização do evento.
Ney negou crime eleitoral na relação com a entidade. “O trabalho social da ONG Viva Feliz, pelo qual mais uma vez estou sendo acusado, e sempre vou dizer, com muito orgulho, não ajuda só pessoas de Embu, ajuda do Estado de São Paulo. Todas as pessoas que já foram atendidas sabem que nunca foi ligado nem condicionado a pedido de voto para candidato A ou B, todas que passaram por esse trabalho que me orgulho de apoiar sabem do que estou falando”, disse.
Ele disse que “a nossa briga hoje” é contra a injustiça no país em que “muitos políticos roubam dinheiro público e ficam impunes, e a gente quer apoiar um trabalho que leva saúde que seria obrigação do poder público e acaba sendo culpado”. Sugeriu que todos os políticos têm ação semelhante sem serem processados. “Aqui no meio de nós tem muitas lideranças que sempre tiveram trabalho social, ajudaram muita gente, e com Ney Santos não vai ser diferente.”
Ele procurou dizer não estar envolvido em nenhum escândalo, mas acertou o PSDB, que tenta a duras penas manter entre as siglas que o apoiam, ao citar um caso. “Não estou sendo acusado de desviar verba da merenda escolar”, disse. Depois, apesar de se manter leal, atingiu Chico, em novo “fogo amigo”. “Não estou sendo acusado de desviar dinheiro na máfia do asfalto como alguns políticos já foram acusados na cidade”, falou. Chico foi acusado em 2013 no episódio.
Em seguida, elegeu como alvo um adversário real, o deputado estadual Geraldo Cruz (PT), que foi cassado por uso indevido de jornal para veiculação de ações de mandato, mas recorre no cargo. “Não estou sendo acusado de comprar matérias mentirosas como outros políticos que estão até com mandato cassado”, disse. “Eu quero dizer para os meus adversários que a gente pode ter perdido uma grande batalha, mas temos uma grande guerra pela frente”, declarou.
Ney disse que estava “quieto no meu canto” e “acordaram um gigante”, e agora vai “para cima cobrar a fatura”. “Não vai ser na agressão, na violência. Vou cobrar indo para a rua e mostrando para as pessoas quem é quem de verdade, quem só vai para a rua em época de eleição comprar o voto dos menos favorecidos que acabam por dificuldades trocando o voto por cesta básica”, disse. Ele foi acusado de atirar em equipe de aliado de Geraldo durante colocação de placas.
Ney disse não ter “nada contra o nosso excelentíssimo prefeito Chico Brito, que vem fazendo um ótimo trabalho”. “Mas o PT nunca mais governará Embu das Artes. O PT que está desgraçando a vida do nosso país não vai desgraçar a nossa cidade”, atacou. Ney, porém, foi cassado em representação feita, entre outros, por Fabio Pereira, do PMDB, Nelson Pedroso, PTC, e Roberto Terassi, PSB, que o apoiam hoje. Ele tem também indicados políticos no governo petista.
Ney mostrou ânimo, mas admitiu poder sofrer derrota. “Se for para se afastar da Câmara, vou me afastar, mas vou montar uma barraca lá na praça e continuar atendendo o povo”, disse. Cerca de 300 correligionários lotaram a Câmara em apoio ao vereador e vaiaram Chico. Vereadores petistas não quiseram falar. “É bíblico, a palavra é prata, o silêncio é ouro”, falou um deles. Se não obtiver liminar, Ney poderá nem presidir outra sessão. Rosana Almeida (PMDB) assume.