ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, no Parque Industrial, em Embu das Artes
Após discursos elogiosos de vários vereadores em clima de festa, o prefeito Chico Brito (PT) e o ex-prefeito Nivaldo Orlandi (PDT) trocaram farpas em público na sessão solene em comemoração aos 57 anos de Embu das Artes nesta quinta-feira (18), na Câmara Municipal. Em discurso, Chico também admitiu ter prometido na campanha eleitoral em 2012 a construção do terceiro pronto-socorro na cidade, mas que não reabrirá o PS Vazame por falta de recurso.
Convidado a se pronunciar pelo presidente da Câmara, Ney Santos (PSC), Orlandi – que governou Embu de 1983 a 1988 – usou o espaço concedido para fazer duras críticas ao governo de Chico, apesar de anunciar que “não seria tão ácido”. “Precisamos fazer um contraponto ou senão dá a impressão de que [a cidade] está uma beleza, todo mundo está feliz”, disse. Ele cobrou a construção de locais adequados para destinação do lixo e implantação de escola em tempo integral.
Orlandi subiu o tom e disse que o município onde todos os vereadores concordam com o Executivo e nenhum faz oposição vira “um desastre”, é “uma cidade de faz de conta”, faz do prefeito um “ditador”, em resposta ao discurso de parlamentares de que os 15 fazem parte da base de apoio ao governo. Ele também foi incisivo ao dizer que a Câmara deveria ter aberto uma CPI para apurar possíveis irregularidades no governo. “É uma coisa que faltou aqui”, afirmou.
Ele também citou o fechamento do Vazame e chamou prefeito e vereadores para participar do ato neste sábado (20) pela reabertura do PS. Ao extrapolar os 3 minutos concedidos para discursar, Orlandi ouviu pedido de Ney para que concluísse. Ele voltou à carga e teve o som cortado pelo presidente sem concluir a frase e não pôde se despedir apesar de solicitar. Em meio à reclamação de Orlandi, Ney alfinetou e disse esperar que ele ajude a “trazer mais verba para cá”.
Em resposta a Orlandi, Chico iniciou o discurso em tom ameno e frisou a importância de ter relação de harmonia com o colegiado de vereadores. “Tem gente que ainda não entendeu que cumprir o papel de legislador não é ficar em pé de guerra com outros poderes. Em mandatos em que a Câmara ficou em pé de guerra com prefeito, a população perdeu. Não tenho nem gostaria de ter 15 vereadores submissos, até porque o mais bobinho aqui virou vereador”, falou.
Chico garantiu ter total consciência das melhorias que ainda precisam ser feitas em Embu das Artes e que não há necessidade de os adversários políticos apontarem os problemas da cidade. “Sinto muito, oposição, mas eu sei disso melhor do que vocês, porque eu sou o prefeito”, declarou, para citar que “ainda estamos devendo uma área de lazer no [Jardim] Santo Antônio, pavimentação de várias ruas, pelo menos dois postos de saúde e pelo menos dez creches”.
Sobre o PS Vazame, que virou unidade de internação, Chico admitiu que prometeu abrir o terceiro PS, mas a situação econômica do país piorou e não reativará o Vazame por falta de verbas. Ele disse não se importar de ser chamado de prefeito que fechou o PS. “Prefiro ter dois pronto-socorros e o hospital leito funcionando decentemente, do que ter três pronto-socorros funcionando meia-boca. Prefiro sair com o rótulo do que alguém morrer por negligência”, declarou.
Após ouvir as palavras do prefeito, Orlandi deu as costas e se retirou do plenário da Câmara. Do lado de fora, munido de microfone e alto-falante, convidou os munícipes a se pronunciarem sobre a situação da cidade, inclusive Chico, alegando que ali ambos poderiam debater de igual para igual e ninguém seria interrompido, em crítica ao presidente Ney. Apoiadores do ex-prefeito mostraram na sessão e na rua cartaz dizendo que “Prefeito fecha PS. Que vergonha”.