ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Taboão da Serra
Em sessão solene pelos 57 anos de Taboão da Serra, na noite desta quinta-feira (18), o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) fez um discurso de “descontração” com “histórias” que viveu com homenageados pela Câmara e não fez um balanço de governo apesar da escalada de críticas à gestão na saúde e por causa das enchentes. À tarde, Taboão viveu o caos na quarta inundação em menos de dois meses. Encerrada a cerimônia, ele saiu apressado e evitou a imprensa.
Fernando discursou 19 minutos e não tocou em nenhum instante nos desafios de Taboão e demandas da prefeitura após três anos e no último de gestão. “Eu quero pedir licença a todos, normalmente, o prefeito vem para falar sobre o governo e a cidade, mas não concordo. Vamos fazer disso aqui um momento de descontração”, disse ao público de 400 pessoas no Cemur (centro). “Eu tinha que contar essas histórias, a cidade são as pessoas. E viva Taboão”, finalizou.
Coube aos vereadores da base de apoio ao prefeito falar sobre a administração e de forma elogiosa. O líder do governo na Câmara, Eduardo Nóbrega (PR), disse que a gestão está sendo marcada por realizações, com eficiência e zelo pelo dinheiro público, sem “mensalão e petrolão”, em farpa ao PT. O vereador Moreira (PT) respondeu que o prefeito paga a servidores municipais abaixo do salário mínimo e Taboão “sai todos os anos na imprensa nacional” devido a enchentes.
Sem poder falar de novo, Fernando disse, reservadamente, para o presidente da Câmara rebater o petista. Apesar de pouco afeito a debates ideológicos, Cido (DEM) atendeu sem hesitar. “Estamos passando por uma grande crise, crise de desemprego, com muitos problemas. Essa crise tem nome: Dilma Rousseff. Infelizmente”, disse. Fernando aprovou com a cabeça, mas Cido foi vaiado pela maioria dos presentes, de movimentos sociais dos homenageados por Moreira.
“Mesmo na crise, Taboão da Serra tem vários equipamentos de saúde sendo instalados, novo centro de especialidades, creches ampliadas. Isso é sinal de respeito, trabalho e zelo com o dinheiro público. Eu não ia falar, mas não posso ouvir e ficar quieto”, continuou Cido. Ao sair, Moreira disse que foi a oposição no ato, a ponto de o prefeito acusar que ele ao criticar o governo no evento festivo foi “deselegante”. Luzia Aprígio (PSB) boicotou a sessão por causa da enchente.
Fernando já tinha se retirado. Após dar entrevista a uma TV, ele passou entre homenageados e convidados e saiu pela porta nos fundos sem falar com jornalistas. Durante a sessão, uma leitora do VERBO parente de morador atingido pela enchente tinha pedido para perguntar quando o problema teria solução. “Ele só está evitando resolver o que começou errado, e é mais fácil fugir”, disse Elizabeth de Moraes, 59, sobre canalização do córrego Poá, que de novo transbordou.