ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Com “banho” de cultura popular com danças e símbolos afro-brasileiros, o bloco da pintora, folclorista e coreógrafa Raquel Trindade, a Kambinda, vai fazer a alegria dos foliões no último dia de Carnaval no centro histórico de Embu das Artes, nesta terça-feira (9), com a presença da multiartista, prestes a celebrar 80 anos. Os cem componentes voltam ao largo 21 de Abril, ao redor do coreto na praça central, a partir das 15h, após já ter encantado o público no domingo (7).
Com exaltação às tradicionais marchinhas carnavalescas pensadas para aproveitar a “moldura” da arquitetura histórica preservada do centro de Embu, a folia na “Terra das Artes” com os blocos começou no sábado (6) com o irreverente DesbundasArtes, que levou cerca de 2 mil pessoas, moradores e turistas, a cantar e pular os festejos de momo, em uma das mais animadas edições do Carnaval de rua da cidade nos últimos anos – em abertura com chave de ouro.
Após contagiante aquecimento no “marco zero” de Embu para atrair as pessoas que passavam e fazer com que ficassem e entrassem no clima da festa, o bloco arrastou a multidão para desfilar com empolgação no calçadão diante de bares com clientes em cadeiras do lado de fora e de barracas da feira das artes da cidade, com letras alegres como “Olha a cabeleireira do Zezé…”, “Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí!…” na ponta da língua e no ritmo da ginga do corpo.
O DesbundasArtes também apresentou composições próprias, com escracho aos grupos políticos rivais, simbolizados por PSDB e PT, pelos nomes pejorativos como são chamados, mas que na maior festa popular do país ninguém fica de fora. “Até que enfim chegou o Carnaval / para misturar o coxinha com o petralha”, dizia o refrão. “Este é o nosso quarto ano de Carnaval. Bloco que nasce não morre, é para sempre”, proclamou o ator Almir Rosa, um dos criadores do grupo.
A professora Clara Lúcia do Nascimento, 69, seguiu o DesbundasArtes, como não poderia ser diferente. “O bloco começou com a minha filha, mais dois amigos, o Vitor e o Almir, há quatro anos. Ela [Marina] é a segura-estandarte, aquela coisa linda ali”, contou a carioca radicada em Embu, apoiadora incondicional. “Acho ótimo, o pessoal da feira não gosta muito. Nem o prefeito, eu acho. Mas adoramos”, disse. O VERBO disse aprovar. “Ah, que bom”, falou, rindo.
Para ficar “a caráter”, muitos foliões puseram um simples adereço, mas alguns se produziram do pé à cabeça. “Eu vim fantasiado de homem-bomba. Pense que a bomba é um comportamento, se eu explodir, vai machucar todos que estão ao redor. A ideia é explodir a tristeza, o mau humor, a ignorância, a violência, é isso”, disse o professor de educação física Eduardo César, 29, morador de Itapecerica da Serra. “Sem extremismo, e muita felicidade, muito amor”, desejou.
O bloco fez uma parada e performance em frente ao Museu dos Jesuítas e depois voltou à praça para encerrar a festa que invadiu a noite. “Achei maravilhoso. Eu até comentava, puxa, onde nós moramos não tem nada disso, apesar de tão fácil o acesso. Acho que compensa fazer um bate-volta rapidinho, de 60 quilômetros, de São Paulo até aqui para brincar o Carnaval”, disse Anselma Araújo, 48, comerciante do Tremembé (zona norte de SP), ao lado do namorado.
Entre os foliões, marcaram presença o empresário Hillmann Albrecht, vice-presidente da Acise (associação empresarial de Embu), o pré-candidato a prefeito Juninho (PSOL), que assumiu um surdo durante a apresentação do bloco, o ex-vereador professor Toninho (PSOL), e a secretária de Saúde de Taboão da Serra, Raquel Zaicaner, moradora de Embu. Ela estava acompanhada da coordenadora dos Direitos da Mulher de Taboão da Serra, a advogada Sueli Amoedo.
SHOWS
O Carnaval acontece em Embu também no parque Francisco Rizzo (região central), com apresentações musicais. Neste último dia, em que termina mais cedo, conforme a programação divulgada, a festa terá show da banda Novamente, em ritmo de samba e axé, das 19h às 20h, e depois a partir das 21h; apresentação do sarau “Samba Original” (zumaluma), das 20h às 21h, e depois às 21h40, como encerramento do Carnaval 2016. É proibido entrar com garrafas e narguilé.