RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Uma mensagem enviada por meio do WhattsApp acusa o pré-candidato a prefeito Nataniel Carvalho, o Natinha (PTB), de pagar a políticos e lideranças, entre eles vereadores e secretários, em troca de apoio nas eleições municipais neste ano e aponta o vereador Pedro Valdir (PSD), pré-candidato a vice, como responsável pelo pagamento. Natinha e Pedro Valdir rechaçam o escrito. O vereador procurou a polícia, que identificou quem transmitiu o “mensalinho de Embu”.
A mensagem relata que “Pedro Valdir foi lá no escritório de advocacia que trabalho” e “levou uma lista de políticos e lideranças que estão na ‘folha de pagamento’ do Natinha”. “Ele pagava o povo. Se somar passa de 10 milhões só neste ano. De onde sai este dinheiro? Se um prefeito ganha R$ 20 mil como um candidato pode gastar R$ 300 mil por mês com ‘lideranças’ e políticos [?]”, diz. O texto cita 18 supostos beneficiários com valores entre R$ 5 mil e R$ 50 mil.
A postagem começou a circular há duas semanas e foi repassada a grupo pró-Natinha na internet, para conhecimento, por um pré-candidato a vereador que está na lista. Citado, Pedro Valdir foi à Delegacia Central de Embu dia 14 registrar a ocorrência. “A vítima relata ter total desconhecimento do ali relatado, nega ter comparecido a qualquer escritório de advocacia e que tenha sofrido algum tipo de ameaça [por assessor de Natinha, conforme a mensagem]”, diz o BO.
Conforme apurou o VERBO, a Polícia Civil rastreou o “IP” (identidade virtual) do celular emissor e identificou que a mensagem partiu do aparelho de Irene Batista. Ela é aliada do presidente da Câmara de Vereadores, Ney Santos (PSC), também pré-candidato a prefeito, adversário de Natinha na disputa. Irene é membro da direção do PSDB de Embu e marcou posição internamente para que o partido não apoiasse Pedro Valdir e depois Natinha para aderir a Ney.
Pedro Valdir recebeu a reportagem em seu escritório e negou com veemência a mensagem, que também foi recebida por uma funcionária dele. “Eu fiquei abismado com aquele tipo de informação, não existe nada disso. Fomos [ele e a funcionária] à delegacia para que as pessoas que estão fazendo isso sejam identificadas e parem, isso é crime virtual. Se me acusam de um delito, tenho que fazer BO e me precaver, e que respondam pelos atos deles”, afirmou.
Pedro Valdir evitou acusar Irene. Comentou que ela veiculou a postagem, mas pode não ser a autora, sem citar outra pessoa. Um correligionário do vereador disse: “É… A Irene transmitiu a mensagem, mas acho que ela não é a autora. Magina”. Pedro Valdir declarou não poder afirmar que Ney está envolvido e que só vai se pronunciar após investigação policial. Ele e Natinha dizem, reservadamente, porém, acreditar que Ney está por trás da mensagem, apurou o VERBO.
Após registrar BO, Pedro Valdir declarou: “É um absurdo que a política está sendo feita dessa forma, fico triste como político. Infelizmente, isso mancha mais uma vez a classe política do município. [Vou tomar] Todas as providências, eu vou até as últimas consequências, porque tem prova de quem anda passando essa mensagem. Se ele diz ter prova contra mim, ele que mostre. Mas se não tiver, ele vai ter que pagar. A justiça vai ser feita”. “Ele” se refere a Ney.
Natinha também repudiou a postagem. “Infelizmente, pessoas maldosas com o intuito de difamar, denegrir e caluniar nossa pré-candidatura ficam constantemente criando e inventando essas maldades contra nosso grupo”, disse. Ele também evitou acusar Irene. “Prefiro deixar na mão da polícia para investigar.” Indagado se Ney teria relação com o caso, Natinha frisou que cabe ao delegado “achar os culpados”. “Estamos cobrando investigação profunda”, afirmou.
O suposto “mensalinho” não foi o primeiro veiculado em Embu. Em dezembro passado, a postagem via WhatsApp de outra “folha de pagamento” apontava Ney como quem comprava apoio político, também com citação de políticos e lideranças e cifras entre R$ 5 mil e R$ 50 mil, e da pessoa que seria responsável pelo pagamento, o pastor Marco Roberto Silva – que trabalha para Ney -, além da ameaça de que o religioso teria sofrido de correligionário do vereador.
“Na verdade, é o mesmo texto, só mudaram os nomes”, disse um assessor de Natinha, reforçando suspeita sobre Ney estar por trás da postagem – eles travam guerra nos bastidores para arrancar do outro o apoio de lideranças de peso. Diferente de Pedro Valdir, Ney, Marco e outros citados silenciaram, observou a “Folha do Pirajuçara”, que revelou o caso. O VERBO ligou e enviou e-mail para Ney. Ele não atendeu. Irene também não retornou. Marco não foi localizado.