Governo Chico diz que UPA atende com qualidade; população desmente

Especial para o VERBO ONLINE

UPA

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O governo Chico Brito (PT) publicou que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Dom José/Santo Eduardo completou um mês de funcionamento com “atendimento de qualidade”, mas não teve boa recepção por parte da população, pelo contrário. Em comentários à postagem, moradores nas redes sociais se dividiram entre incrédulos e indignados com a afirmação ao apontar que o pronto-socorro “é uma porcaria” – quase não tem médico, demora a atender, entre vários outros problemas.

“Onde tem essa qualidade [?], lá não vi nada disso, fiquei 3 horas para ser atendida, quando fui fazer [um raio] X ainda estava em manutenção”, disse Nair Costa. “Qualidade? O atendimento é uma porcaria, a UPA encaminha para o [antigo PS] Vazame, o Vazame encaminha para a UPA e ninguém resolve nada. Esse prefeito atual abandonou a saúde de Embu das Artes!”, criticou Vanessa Cardoso. Chico Brito fechou o PS Vazame e o tornou um hospital leito, sob protesto da população.

UPA Santo Eduardo, que a prefeitura diz ter atendimento de "qualidade", mas a população contesta com veemência
UPA Santo Eduardo, que a prefeitura diz ter atendimento de “qualidade”, mas a população contesta 

“Queremos o PS Vazame de volta, isso sim, o que adianta construir UPA se falta médico”, reclamou Mônica Alves. “[Se o atendimento é de qualidade] Então parabéns para este médico que trabalhou só e atendeu tantas pessoas, porque quando fui só havia um médico para atender”, ironizou Fernanda Magalhães. Em balanço incrível, dos 20 comentários de moradores sobre a publicação da prefeitura, todos foram negativos ao atendimento da UPA.

Muitos internautas acusaram manipulação da realidade. “Eu não acredito no que estou vendo, ou melhor, lendo uma coisa dessa! Afff por aí já [se] vê a consideração pelo povo. Quem já foi sabe muito bem que a ‘qualidade’ que dizem é pura mentira, infelizmente fui prova viva”, disse Teka Santos. “Atendimento de qualidade? Só se for no sonho de quem fez essa reportagem, pelo amor de Deus. Querem enganar as pessoas só pelo fato deste ano ter eleições […]”, disse Deborah Castor.

Apesar da reprovação da população, o atendimento pode ter sido de excelência enquanto a equipe de comunicação da prefeitura esteve na UPA. Não foi. Durante a presença da repórter e do repórter-fotográfico do governo municipal, na segunda-feira (11), a reportagem do VERBO estava na UPA e viu um quadro de total desorganização e muita insatisfação entre pacientes, um cenário de caos, situação completamente oposta à mostrada na publicação da prefeitura.

Os funcionários estavam desorientados, não sabiam o que faziam ao certo, uma atendente perguntava como ia saber se o dentista estava para atender ou não. Os banheiros não tinham papel higiênico nem sabonete para se lavar as mãos. Um paciente chegou com o pé com suspeita de fratura e ficou mais de meia hora andando para lá e para cá feito “saci”, em uma perna só, e ninguém levou uma cadeira de rodas para o homem, apesar de várias delas estarem vazias.

A UPA não tem funcionário que fique atento aos casos de emergência que chegam, um rapaz que chegou à UPA com hemorragia – bateu a cabeça – teve que se jogar no balcão, pingando sangue, para ser assistido, só quando a atendente deu uma ficha com carimbo de “emergência”, e ele entrou. A verificação se era caso de emergência ou não só ocorria após três horas, tempo que levava para passar na triagem. Uma mulher esperou mais uma hora, não foi chamada pelo médico, não suportou tanta demora e foi embora.

“Realmente não entendo da onde vocês conseguem tirar essas informações, nós moradores da região sabemos que não é verdade, tem muito a melhorar essa UPA”, disse Rogério Bazilio. Só uma moradora fez elogio à UPA, mas foi breve. “Está melhor que o do Vazame, mas precisa ainda melhorar muita coisa, e manter o que está bom. Já sumiram com ficha de paciente lá, e eu passei direto sem triagem, nota-se que o pessoal da recepção está perdido e fazendo confusão das coisas”, observou Sabrina Dias.

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