ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Na inauguração da UPA no Jardim Dom José/Santo Eduardo, no último dia 12, o deputado estadual e pré-candidato a prefeito Geraldo Cruz (PT) foi vaiado durante discurso por assessores e apoiadores do presidente da Câmara e também postulante à sucessão municipal Ney Santos (PSC) e reagiu com ataque velado sobre o passado do vereador ao afirmar que ex-opositores podem passar a aderir à administração petista na cidade, mas que “ladrão” deve ir “para a cadeia”.
Logo que anunciado para discursar, Geraldo foi vaiado por aliados de Ney. “Só uma coisa, gente, eu gostaria de vaiar a violência. Vamos bater palmas para a paz”, respondeu. Ainda hostilizado, ele disse “que não estamos aqui fazendo disputa política”, mas para comemorar a entrega da UPA, e até citou o nome do desafeto. Ney, que discursou antes, disse que o pai morreu no Pronto-Socorro Vazame por “negligência médica”, em 2007, quando o prefeito era Geraldo.
“É um dia de alegria viu, Ney Santos? Não é um dia de vaia, mas não me incomodo com isso, a minha história, a minha luta não muda com vaia de meia-dúzia”, rebateu Geraldo, que foi aplaudido por moradores e também apoiadores, mas continuou a ser vaiado por seguidores de Ney. Diante do som de “buuuuu”, ele recordou que Embu já foi a localidade com mais homicídios no Brasil (“36 ao mês”) e “fomos nós que a tiramos da [condição de] cidade mais violenta” do país.
Ainda procurando se distinguir do vereador como liderança que tem “história de luta” por Embu, Geraldo disse que quem fez melhorar o município foi a equipe que montou que tinha como secretário o hoje prefeito Chico Brito e outros que, “com o povo, ajudou a tirar a cidade da miséria”. Ele buscou isolar Ney ao saudar o vice-prefeito e pré-candidato a prefeito Nataniel Carvalho, o Natinha (PTB) pelo discurso com longa trajetória também de trabalho em favor de Embu.
“Quando chegamos na prefeitura, esquecemos a divergência. Podem vir todos [para a administração do PT], não tem problema”, disse Geraldo, sobre também Ney, eleito em coligação adversária e que no primeiro ano de mandato fez forte oposição à gestão de Chico. “Mas tem uma coisa, queremos conosco sonhador e sério, ladrão, defendemos que vá para a cadeia, principalmente se for de dinheiro público. Queremos cadeia [para essas pessoas]”, disse, sob aplausos.
Membros da equipe de Geraldo ouvidos pelo VERBO afirmaram que ele evocou problemas que Ney teve com a Justiça. Ney foi condenado por assalto a empresa de valores no interior de São Paulo em 2003 e ficou preso até 2006. Ainda segundo aliados, Geraldo também teria mirado um dos fortes candidatos a vice na chapa de Ney, o ex-vereador Milton do Rancho (PMDB), que chegou a ser cassado por desvio de dinheiro público em viagens a congressos em 1999.
Geraldo ainda ouviu “Fora, Dilma!” ao citar a presidente. “A Dilma não é ladrona, não deu ‘pulada’ fiscal para passear nem abrir conta na Suíça, ela deu ‘pedalada fiscal’, como se diz, para pagar o Bolsa Família, que para muitas pessoas é a única coisa que têm para comer em casa”, disse, de novo vaiado. “Eu não tenho problema em fazer esse debate, neste caso, aceitamos as críticas”, falou, alvo escolhido do grupo de Ney. Chico citou Dilma mais de uma vez e não foi vaiado.
OUTRO LADO
Contatado por e-mail, Ney não se manifestou. O assessor Genildo Rocha ligou para o VERBO e disse que quem deveria esclarecer a fala era Geraldo e que o site não devia abordar “questão pessoal” do vereador. A reportagem argumentou que o questionamento era se Ney se sentia atingido pela declaração e se queria responder, mas Rocha não retornou. O VERBO ligou no hotel de propriedade de Milton, mas não o encontrou e nem obteve contato dele com funcionário.