ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Chico Brito (PT) inaugurou no sábado (12) a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Dra. Zilda Arns, no Jardim Dom José (região do Santo Eduardo), periferia de Embu das Artes, mas o equipamento só começa a funcionar nesta quarta-feira, quatro dias depois. A UPA está sendo entregue à população após cinco anos de obras e vários atrasos e adiamentos do início de atendimento, numa localidade muito populosa e carente de serviço de urgência e emergência.
Ministro da Saúde quando a UPA começou a ser construída e convidado para a inauguração, Alexandre Padilha que procurou explicar que não abriria no dia seguinte. “Quando acabar a cerimônia, todo mundo aqui vai conhecer a UPA, vai entrar com a botina como a minha, então suja o chão. Aí o pessoal da Saúde tem que fechar a UPA para fazer uma limpeza, no domingo, segunda e terça, e depois vêm os profissionais na segunda e terça ver se está tudo ok”, disse.
“A partir da quarta-feira, esta UPA vai abrir e nunca mais vai fechar, vai funcionar 24 horas o ano todo”, afirmou o hoje secretário municipal de Saúde de São Paulo. Ele disse ainda que Embu concebeu uma UPA além da idealizada pelo governo federal. “Se Embu das Artes já conhecida no Brasil inteiro pelo povo trabalhador e criativo, também vai ser conhecida como cidade da maior UPA 24 horas do país”, disse, ao definir a unidade como “UPA tipo 4, com elevador”.
Chico se limitou a citar que a UPA só começa a atender nesta quarta e se ocupou em justificar que a demora da obra, iniciada em 2010 e que teve a inauguração adiada seis vezes em pouco mais de um ano, se deveu à decisão de dobrar a capacidade da UPA. “Lutamos para que das 50 primeiras UPAs uma viesse para Embu, mas chegamos à conclusão que aplicar os R$ 2 milhões do ministério e mais R$ 600 mil para equipar seria metade do que é este prédio aqui”, disse.
“Aproveitamos o recurso que a presidente Dilma [Rousseff] estava mandando para Embu, botamos mais um tanto de dinheiro e dobramos o tamanho do prédio”, continuou Chico. A UPA bateu na cifra de R$ 5,270 milhões, sendo R$ 3 milhões do cofre municipal. “Eu fui e sou criticado porque demorou. Preferi ficar com as críticas e a ingratidão de algumas pessoas do que fugir do desafio de fazer um prédio para 30, 40, 50 anos para o povo de Embu”, disse.
A UPA tem uma área construída de mais de 1.800 m2 e três andares, com dois elevadores. A prefeitura diz que a equipe de profissionais contará com dois médicos pediatras – que farão atendimento “personalizado”, sem detalhar – e quatro clínicos-gerais por plantão de 12 horas, enfermagem e plantão para urgências odontológicas. A UPA pode resolver quadros como febre e pressão alta, cortes, fraturas, infarto e derrame. A de Embu deve atender 700 pessoas por dia.
Na UPA, os pacientes mais graves terão prioridade no atendimento com o sistema de “classificação de risco”, garantiu o prefeito. Ao entrar na unidade, serão avaliados conforme queixa, sintomas, sinais vitais que apresentarem, quando serão identificados com pulseiras de cores diferentes para cada grau de risco à saúde: vermelha (emergência); laranja (muito urgente); amarela (urgente); verde e azul (menor gravidade – que aguardará por mais tempo por atendimento).
O vice-prefeito e pré-candidato a prefeito Nataniel Carvalho, o Natinha (PTB) se dirigiu a Chico e recordou em discurso quando Embu foi anunciada como um dos locais do “primeiro lote” de UPAs. “Eu estava lá do seu lado, nós vibramos, éramos só nós dois, mas vibramos pela cidade inteira, porque acreditamos que no poder público o serviço tem que melhorar sempre e não tem varinha mágica, é correr atrás dos recursos e advogar pelo seu município”, disse.
O deputado estadual e pré-candidato a prefeito Geraldo Cruz (PT) disse que Chico realizava “mais um sonho” da população, sobretudo a de mais idade, “senhoras e senhores que vejo aqui, que são os que mais procuram os postos de saúde”. A secretária Sandra Fihlie (Saúde) disse que a UPA foi construída “a milhares de mãos, vocês [moradores] ajudaram a construir esse equipamento quando nos falaram das necessidades da saúde de Embu desde 2009”.
A vereadora Dra. Bete (Pros) lembrou que indicou a construção de um pronto-socorro no Dom José em 2009 e aprovou lei do nome para a UPA em 2011. “Dra. Zilda Arns foi uma guerreira, salvou milhares de crianças. Aqui vai ser um lugar de salvar vidas, acho que ela está muito feliz com esta homenagem que estamos fazendo”, disse sobre a médica pediatra e sanitarista fundadora da Pastoral da Criança – que morreu no terremoto em 2010 durante trabalho no Haiti.
Com a UPA, o PS Vazame passa a abrigar 40 leitos para receber pacientes que não puderem ser removidos a hospitais ou não tiverem alta, com dois médicos plantonistas e dois diaristas. “Muitos mentirosos falavam que eu ia fechar o Vazame. Quebraram a cara. O Vazame vai virar hospital-leito, a partir de quarta. Pronto-socorro não é para ter ninguém internado, você vai visitar o pai idoso, o filho pequeno, daqui a pouco chega um baleado, um esfaqueado”, disse Chico.
Cerca de mil pessoas, entre moradores e muitos funcionários municipais e líderes e assessores políticos, participaram da inauguração da UPA, que teve queima de fogos. Estiveram também presentes o presidente da Câmara, Ney Santos (PSC), entre outros vereadores, representantes da indústria farmacêutica Libbs, parceira da prefeitura em equipar a UPA, o coordenador estadual da Pastoral da Criança, José de Anchieta, conselheiros de saúde e secretários municipais.
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