ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) que protestam contra a reorganização do ensino determinada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) deixaram a escola estadual Elizete de Oliveira Bertini, no Jardim Dom José (região do Santo Eduardo), em Embu das Artes, neste domingo (15), depois de dois dias de ocupação. O colégio era o único na região ocupado, apesar de que não será fechado, mas perdeu modalidade de aprendizado.
“É uma escola que fechará um ciclo, e parte das pessoas que estão no acampamento estudam aqui e estão indignadas com a forma como o governo está fazendo a reorganização, antidemocrática, sem conversar com as comunidades, sem saber como a educação funciona nos bairros, principalmente na periferia”, disse a coordenadora do MTST Ana Paula Ribeiro, 32, ao justificar no sábado a ocupação. Na região, o MTST ocupa desde maio uma área no Jardim Batista.
A Elizete não terá mais EJA (Educação de Jovens e Adultos), o antigo supletivo, que era à noite, apenas o ensino de 1º ao 5º ano. Curiosamente, o governo fala, na internet, que o colégio não será afetado pela reorganização. Conforme apurou o VERBO, a gestão Alckmin não vê como alteração a extinção de classes de EJA, penalizando, porém, quem trabalha e busca voltar à escola após perder anos de estudo. Se quiserem continuar, os alunos terão de se ir para outro colégio.
Nas paredes do pátio, listas mostram que alunos de EJA vão para as escolas Jardim da Luz ou João Martins, no Parque Independência. A Diretoria de Ensino de Taboão da Serra e Embu diz que o primeiro colégio fica a 900 metros da Elizete e o segundo, a 2,6 km, acima do 1,5 km que o governo do Estado prometia como deslocamento máximo. “Quem pediu para ser oferecida matrícula na João Martins foram os alunos”, disse o diretor de Rede Escolar, Christian Mendonça.
Questionado pelo VERBO sobre as distâncias entre as escolas, Mendonça chegou a dizer primeiro que a reportagem procurasse no Google, que, aliás, registra uma distância maior – a escola Jardim da Luz fica a 1 quilômetro da Elizete, e a João Martins, a três quilômetros. No pátio, listas também já trazem nomes dos alunos e respectivas escolas onde vão estudar no 6º ano – Alexandrina Bassith, no Jardim Ângela, Odete Maria de Freitas, no Santo Eduardo, ou Jardim da Luz.
“A gente está protestando contra essa iniciativa [reorganização escolar] que, para o movimento, é péssima, não vem em uma boa hora”, disse Ana Paula. A ocupação da Elizete começou no início da noite de sexta (13), com cerca de 500 famílias, que passaram a noite no local – nas salas de aula, carteiras deram lugar a colchões no chão para os militantes dormirem. Os sem-teto deixaram a escola em Embu para ocupar colégios na região do Campo Limpo (zona sul de SP).