RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Mesmo diante de reclamações e abaixo-assinado de moradores próximos à EMI Pica-Pau Amarelo e de pais de alunos e professores sobre o estado degradante do local da unidade de ensino, a presidente da Comissão de Educação da Câmara, Joice Silva (PTB), não tomou conhecimento da realidade da escola municipal infantil no Jardim Clementino (região Pirajuçara). A passividade de Joice sobre o fato aumentou a revolta dos que têm de conviver com o “descaso”.

A EMI fica em um terreno baldio com mato alto, muito lixo e entulho e está cercada por esgoto a céu aberto. Com o ambiente propício, divide espaço com ratos e até escorpiões, além de criadouros do mosquito da dengue. Vizinhos à escola contam que os roedores andam no telhado e já entraram em caixas-d’água do colégio infantil. Relatam ainda que os moradores, não suportando o cheiro de carniça, são obrigados a entrar no local para retirar animais mortos.
Não bastasse a falta de condições de higiene, o acesso à EMI é por caminho de terra que passa por dentro do Centro Cultural Pirajussara, desativado, sem segurança, com vários pontos para bandidos se esconderem. A situação precária foi exposta pela professora Sandra Fortes ao denunciar em agosto como assédio moral da prefeitura a “transferência compulsória” para trabalhar no local degradado, após sofrer suspensão de 60 dias por causa de greve da categoria.
O cenário de abandono, porém, já era alvo de reclamação desde o ano passado, quando moradores fizeram abaixo-assinado – que teve 300 assinaturas – com pedido de limpeza do terreno e levaram ao Centro de Controle de Zoonoses, “mas nada foi feito”, diz Vanessa Alves, vizinha a EMI, que publicou fotos no Facebook sobre o retrato da ausência da prefeitura. No local, “quando não chove é muita poeira, quando chove é muita lama”, diz uma mãe de aluno da escola.
Apesar da reclamação generalizada sobre a precariedade do local da EMI, Joice disse não ter conhecimento da situação. “Não fui até agora notificada e nem avisada por nenhum pai de aluno sobre o ocorrido. Até o momento, a Comissão de Educação não recebeu nenhum pedido, nenhuma notificação, nenhuma reclamação”, disse a vereadora ao falar ao VERBO. Uma das funções do vereador é fiscalizar a qualidade do atendimento à população nos serviços públicos.
O morador Jesuni Carvalho, vizinho à EMI, disse à reportagem que é difícil a vereadora não conhecer a realidade do local. “Essa Joice, a mãe dela, quando se candidatou, fez até uma matéria desse terreno também. Ela [Joice] conhece muito bem a história”, disse, contrariado. Ele observa que as casas nas ruas 19 de Fevereiro e Laudelino Gomes Ribeiro com fundos para o terreno têm o esgoto jogado no local, onde uma unidade básica de saúde está sendo construída.
“Não acredito que vão construir um posto de saúde em um terreno todo contaminado. Disseram que vão limpar o terreno e o esgoto, mas do serviço que fizeram [no terreno], só limparam em volta onde vai ser a UBS. Prometeram que vão fazer o esgoto, mas ainda nada”, disse Carvalho, indignado com a falta de zelo pelo local onde funciona uma escola para crianças pequenas. O governo Fernando Fernandes (PSDB) não quis se pronunciar sobre a situação.