Título de cidadão a Chico Brito constrange e confronta vereadores em Embu

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Na sessão no último dia 7, projeto de concessão do título de cidadão embuense ao prefeito Chico Brito (PT), de autoria de vereador de sigla arquirrival do Partido dos Trabalhadores, gerou constrangimento e confronto entre os vereadores. Parte dos parlamentares falou em questão ética para não aprovar a honraria ao mandatário, mas a alegação técnica acabou em troca de ironias e farpas entre futuros adversários em prévia da eleição municipal daqui a um ano.

O projeto foi colocado em regime de urgência e de imediato teve a objeção do vereador Júlio Campanha (PTB). “Concordo com tudo o que foi lido sobre o currículo do sr. Francisco Nascimento de Brito, meu amigo, mas dentro da prefeitura é o chefe do Executivo e meu trabalho no Legislativo é de ser fiscalizador do Executivo. Não que ele não seja merecedor, é merecedor, mas entra em conflito de interesse e estaria indo contra a minha ética. Voto contrário”, disse.

Prefeito Chico Brito (PT) e vereadores de Embu em sessão; título a mandatário no cargo dividiu parlamentares

O vereador Luiz do Depósito (PMDB) reconheceu que “não é tão normal votar neste momento [pelo título], com o prefeito atuando”, mas Embu foi escolhida, por uma revista de circulação nacional, como uma das dez cidades mais bem administradas e “seria uma injustiça votar contra”. “O prefeito merece um pouco de respeito”, disse. Júlio pediu aparte e reafirmou não reprovar o prefeito, mas ser “contra o decreto por [ele estar em] pleno exercício do mandato”.

Edvânio Mendes disse que é “indiscutível” que Chico é merecedor do título, “mas não era o momento, ele ainda está em exercício de poder”. “Eu não quero lá fora ser tachado de forma estranha, confesso que é constrangedor”, disse o vereador do partido do prefeito. O vereador Pedro Valdir (PSD) disse que Chico “já é cidadão embuense” por ter sido eleito prefeito duas vezes pela população, e ainda está no mandato. “Isso daí é algo antiético”, disse o parlamentar.

Clidão do Táxi (PCdoB) retrucou que “já votamos título aqui para pessoas que nem eram da nossa cidade, apresentado pelo nosso amigo Pedro Valdir”. “Se tem uma pessoa que merece este título se chama Chico Brito. É um amigo nosso, que está administrando bem a cidade”, disse o líder do governo. Pedro Valdir pediu aparte. “Não cabe, [o sr.] está fugindo do regimento interno”, censurou Clidão. “Vossa Excia. citou o meu nome”, reclamou o parlamentar do PSD.

“Talvez esses que não vão votar é porque querem ser candidato a vice ou prefeito. Outros que votam contra não vão estar aqui ano que vem, têm que votar hoje mesmo”, alfinetou Gilson Oliveira (PT), ao sugerir que alguns vereadores não serão reeleitos. “Pensei em dar o título, mas sendo petista iam falar que puxava o saco, mas o Chico é merecedor, tanto que quem está dando o título para um petista é um peessedebista”, disse, sobre o colega Jefferson do Caminhão.

Antes do autor se pronunciar, Gilvan da Saúde (PTB) reprovou que o colega “não fez a conversa com os vereadores” para apresentar o título. “Até porque quantas vezes a gente apagou incêndio aqui, do vereador batendo no governo. A Comissão Mista disse que ia pedir vista, mas rapidamente o projeto foi posto em votação. Não faço mais parte da comissão. E o momento não é oportuno, Chico está entre três candidaturas [a prefeito] na cidade [que apoia]”, disse.

Jefferson disse que o prefeito é “parceiro”. “Nenhum dos 15 vereadores desta Casa pode reclamar do Chico Brito. Às vezes, podemos ter alguma coisa [divergência], mas ele nunca deixou de atender nenhum vereador. Não tem nada de desabonador o prefeito desta cidade receber esse título em exercício, eu faço de consciência limpa, se tiver que dar um, dois, três, eu dou”, afirmou. O presidente Ney Santos (PSC), incluído como autor, disse também que Chico é merecedor.

Diante da aprovação com 12 votos e dois contrários, Clidão disse que Chico “é uma pessoa equilibrada, não vai fazer nenhuma gestão [temerária até o fim do mandato], para quem votou contra”. “E precisamos respeitar o companheiro [a indicação do autor]. Já votamos [para receber o título] em gente estranha que nem conhecemos, só a pedido de vereador, porque não ao Chico, que é o líder maior da nossa cidade”, disse Clidão, indicando banalização da outorga.

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