ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O vereador Luiz Lune (PC do B) apresentou requerimento para ter acesso a folha de pagamento dos servidores livre-nomeados do governo Fernando Fernandes (PSDB), em investida contra o nepotismo, mirou o líder do prefeito no Legislativo, Eduardo Nóbrega (PR), para “mostrar a todos quantos parentes este cidadão tem nesta estrutura”, xingou o colega e teve a palavra cassada no restante dos trabalhos em plenário pelo presidente, na sessão na terça-feira (15).
Diante da proposição em pauta, Nóbrega se apressou em dizer que era injustificada. “Não é preciso raciocínio mais aprofundado para saber que o que quer o líder do PC do B é fazer política, no sentido pejorativo, não está preocupado se tem possibilidade de equívoco na folha de pagamento. Sem nenhuma prova concreta, somente com ilações, apenas quer subir à tribuna e achincalhar o governo, não existe um único fato concreto que pudesse embasar o pedido”, disse.
Lune respondeu com veemência e disse que a não aprovação do requerimento só interessava a Nóbrega. “Era evidente que esse cavalheiro viesse aqui e me acusasse, tentando minimizar o requerimento. Você acha normal eu, incumbido de fiscalizar o Executivo, tendo um pai lá em baixo [na prefeitura], será que vou estar isento de mostrar os erros cometidos pelo Executivo?”, disse, em referência ao colega ter o pai, Olívio Nóbrega, como secretário (Planejamento).
“Quero essa relação para mostrar a todos quantos parentes este cidadão tem nesta estrutura, prefeitura e Câmara. Quanto custa esta família para Taboão da Serra! Eu não sabia que vereador ficava rico desse jeito. Este cidadão fica. Por que esse sujeito não quer que saia esta relação? Tem medo, senão deixava”, esbravejou. Exaltado, ao citar fala passada de Nóbrega de “dar um pau no X-9” (cagoeta entre governistas), ele disse não prometer: “Bato no cara mesmo. Idiota”.
Nóbrega pediu que fosse interrompida a sessão para uma reunião em que os vereadores se fecharam em uma sala por quase 30 minutos. Na volta, o presidente Cido (DEM) disse ter a prerrogativa pelo artigo 24, parágrafo g do regimento da Casa de “interromper o orador que […] falar sem o respeito devido à Câmara ou qualquer um de seus membros” e cassou a palavra de Lune, que não usou mais a tribuna. “Solicito que a palavra não seja constada na ata”, disse Cido.
Nóbrega agradeceu Cido pela censura a Lune e voltou a rejeitar o requerimento. “A folha de pagamento é invasiva, invade a privacidade do funcionário. Dizer que Fabinho [Fabio Fernandes, filho do prefeito], Gerson [Brito, cunhado do prefeito], Olívio Nóbrega [pai do vereador], Arlete Silva [mãe da vereadora Joice] por ser secretário é nepotismo é desconhecer que resolução do STF deixa fora da regra sobre exercício de cargos públicos os agentes políticos”, disse.
O vereador Moreira (PT) disse que empregar a família não é ilegal, mas é imoral. “Tiramos a oportunidade de outra pessoa também capaz de prestar serviço público até de mais qualidade, ela vai ser chamada a atenção como alguém normal, e não meia-boca, por não ter outro vínculo que não o profissional, não vai fazer de conta que trabalha, e o governo, que chama a atenção”, disse. O requerimento, porém, foi rejeitado pelos governistas (9 votos contra 3).