Professora líder de greve acusa governo Fernando Fernandes de assédio moral

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Depois de cumprir suspensão de 60 dias com corte de salários devido a processo administrativo disciplinar aberto pelo governo Fernando Fernandes (PSDB), a professora da rede municipal de ensino Sandra Fortes acusa a administração municipal de assédio moral por ter sido transferida para trabalhar em uma escola em um terreno baldio abandonado e que divide espaço com entulho, lixo e esgoto fétido que corre a céu aberto, no Jardim Clementino, em Taboão da Serra.

Sandra Fortes durante greve e EMI em terreno baldio com matagal em que estranhos podem se esconder

O acesso à EMI Pica-Pau Amarelo também é precário, com rua de terra e quase deserta – por dentro do terreno do Centro Cultural Pirajussara, desativado –, sem calçada, e não possui segurança, com vários pontos para criminosos se esconderem, percurso que as trabalhadoras da escola são obrigadas a percorrer diariamente. O VERBO noticiou as condições degradantes do local onde “quando não chove é muita poeira, quando chove é muita lama”, diz uma mãe.

Segundo publicação da “Campanha de Solidariedade a Sandra Fortes” no Facebook, o governo persegue a servidora implacavelmente com o objetivo de “alimentar o medo no funcionalismo municipal para tentar impedir a resistência contra o arrocho salarial e os cortes de direitos que o prefeito e seus vereadores vêm impondo às trabalhadoras e trabalhadores com métodos de terrorismo”, entre eles “processos caluniosos, transferências compulsórias”, diz.

Três funcionárias da Secretaria da Assistência Social teriam sido obrigadas a trabalhar em outro local sem motivo justificado após participarem da greve do funcionalismo no ano passado. Servidores também apontam violência contra trabalhadores da prefeitura como a sofrida pelo operário Kleber Kabelo, que “foi agredido por um chefe da Usina”. Já Fortes foi transferida compulsoriamente após suspensão pela atuação como uma das líderes do movimento grevista.

Fortes teria infringido o artigo 17, incisos 15, 22 da Lei Complementar 224/2010, “e suposta prática de aliciamento de menores, valendo-se de sua condição funcional para lograr direta e indiretamente qualquer proveito ou vantagem pessoal e de agir de forma omissiva ou comissiva de forma a comprometer a dignidade e o decoro da administração pública”. Alunos da escola onde Fortes trabalhava escreveram “cartinhas” ao prefeito por melhorias ao funcionalismo.

Professoras e pais percorrem caminho de terra e com entulho para a EMI Pica-Pau Amarelo, no Clementino

Para o presidente do Siproem (Sindicato dos Professores de Escolas Municipais), a escola em área degradada foi escolhida “a dedo” para transferência de Sandra. “Nós do sindicato entendemos que isso é uma perseguição a ela, porque ousou pedir reajuste salarial, ousou pedir dignidade de trabalho aos professores de Taboão da Serra. Devido a essa ousadia, impetuosidade de ir à luta, ela está sendo punida, perseguida pelo prefeito”, disse Ademir Segura.

“Ele [Fernando Fernandes] é responsável pelas nossas vidas, pelo nosso pão, isso que o prefeito tem feito, transferindo a professora, é para intimidar todos os outros que forem a ele pedir pão. Se alguém for lá pedir qualquer coisa, será assim: ‘Olha o que aconteceu com a Sandra, pode acontecer com você também”’, disse Segura. Contatado pelo VERBO, o governo não comentou – apesar de ter dito na abertura do processo que se pronunciaria após o término do caso.

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