Porta e mais 2 dizem pedir CPI contra Aprígio, mas base de Fernando refuga

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O vereador Marco Porta (PRB) apresentou na sessão nesta terça-feira (11) requerimento de abertura de uma CPI para investigar a desapropriação de uma área entre os empreendimentos imobiliários do ex-vereador e empresário Aprígio e tinha três assinaturas – só precisava de mais duas entre a maioria governista da Câmara -, mas a própria base do prefeito Fernando Fernandes (PSDB) abortou o pedido ao admitir que a comissão “pode levar todos à bancarrota”.

Em sessão longa – 7 horas – marcada pela discussão de CPI, Porta chamou a desapropriação para via aberta entre os prédios da cooperativa presidida por Aprígio de “falcatrua”. “Se esse cidadão deve o que o governo municipal entende que deve são R$ 260 milhões, que foi tirado do povo. Quantas creches, escolas, pronto-socorros daria para construir, quantos médicos daria para contratar com esse dinheiro se fosse devolvido. É interesse do povo de Taboão”, disse.

Vereador Eduardo Nóbrega, que convenceu base governista a não criar CPI, usa tribuna na sessão nesta terça

O vereador Eduardo Lopes (PSDB) disse que em abril foi o primeiro a pedir a CPI e citou de novo reportagem do VERBO à época em que Aprígio disse que se fosse investigado outros seriam implicados. “Não são minhas palavras, são do pre-sidente da cooperativa, de que se abríssemos uma CPI, ‘levo meio mundo comigo’. Quem são essas pessoas? Eu não sou”, disse, ao voltar a negar acusação de uma munícipe na ocasião de que teria sido presenteado com apartamento.

“Não é só a Cooperativa Vida Nova que deve ser alvo de uma CPI, outros que estão na adjacências [também], foi citado aqui”, disse Lopes. O vereador Luiz Lune (PCdoB) questionou Porta por não falar em investigar também o empresário Joel Garcia, o Lelo, proprietário de faculdade construída “na mesma rua que o sr. quer uma CPI”. “Nem sei quem é Lelo, mas se a CPI puder, vamos alcançá-lo, já que a declaração de Aprígio significa que tem outros envolvidos”, disse Lopes.

A vereadora Luzia Aprígio (PSB), mulher de Aprígio, reagiu contra a tentativa de criação da CPI . “O seu Aprígio tem ficha limpa, isso aqui é uma manobra para sujar o nome dele. A lei de loteamento que exige isso [equipamentos públicos], na lei de condomínio não existe deixar creche, deixar nada. E a cooperativa foi aprovada antes dessa lei, pelo seu prefeito de hoje [Fernando], será que ele está errado, não sabia o que estava aprovando? Vai perguntar para ele”, disse.

“Esses condomínios que estão sendo construídos estão deixando tudo isso que o sr. falou? Cadê? Vai ver também se o dinheiro da saúde está sendo aplicado, a população está sem remédios, sem médicos”, continuou Luzia. “O sr. não sabe que tem uma faculdade na avenida Vida Nova, não sabe de quem é, quem é o sócio? Pergunte a seu prefeito que ele vai falar. Não assino CPI contra ninguém baseado em denúncias que não têm fundamento”, disse ela em resposta a Lopes.

O líder do governo, Eduardo Nóbrega (PR), não endossou a CPI ao admitir receio. “Essa conjuntura política pode levar todos os que fazem parte desse processo à bancarrota”, disse. Após reunião com a base governista que pediu, Nóbrega anunciou que, apesar de Porta, Lopes e André Egydio (PSDB) terem assinado criar a comissão, os demais vereadores da situação decidiram que “no decorrer da semana” vão discutir e “chegar a um consenso único de governo” sobre a CPI.

O vereador Moreira (PT) disse que o motivo para a CPI não ter sido criada foi a faculdade na área. “Pau que dá em Chico dá em Francisco, ninguém ia mexer com CPI se fosse investigar também por que Lelo teve a faculdade aprovada”, disse. Conforme o VERBO apurou, a base governista recuou, porém, como aceno para Aprígio parar o “denuncismo” contra o prefeito, e teria sido atendida ao menos em parte. Um emissário de Aprígio disse para assessoria preservar a Câmara.

OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, o empresário Joel Garcia, o Lelo, proprietário da faculdade Fecaf e do Colégio Ser na avenida Vida Nova, disse, por meio da assessoria, que, “se o nome dele foi citado [pelos vereadores na sessão], ele está à disposição para esclarecer qualquer situação referente aos seus negócios e empreendimentos”. Ele afirmou ainda que sua “conduta sempre foi pautada pela rigorosa legalidade e ética, e que qualquer dúvida esclarece prontamente”.

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