MARCELO SOUSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Na terceira entrevista concedida em dois meses, no último dia 25, o empresário e ex-vereador Aprígio anunciou a saída – já prevista – do PSB, com discurso de pré-candidato a prefeito de Taboão da Serra. Ele afirmou que não teria espaço nem o desejo de disputar a candidatura com o ex-prefeito Evilásio Farias (PSB), que teria sinalizado disputar de novo o governo municipal em 2016. Aprígio, presidente da Cooperativa Habitacional Vida Nova, disse, porém, que Evilásio seria “adversário”, já o atual prefeito e candidato à reeleição Fernando Fernandes (PSDB) é “inimigo”. Leia a seguir:
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SEM MÁGOAS
“Saí do PSB e estou sem partido. Estou procurando um. O PSB é um partido muito bom, mas hoje tem dois pré-candidatos querendo disputar a prefeitura”, afirmou Aprígio com referência ao ex-prefeito Evilásio Farias. “Não é necessário ter dois candidatos no mesmo partido. Ele [Evilásio] já foi eleito por esse partido. Não quero enfrentar uma briga dentro do próprio partido.”
SEGUNDO TURNO
Sobre a possibilidade de haver segundo turno nas próximas eleições municipais, Aprígio acredita que isso não irá influenciar muito a opinião dos eleitores. “Não acho que [o segundo turno] vai ajudar. Quando se divide não melhora nem um, nem outro porque o Dr. Evilásio possivelmente já tem o seu eleitorado, apesar da grande rejeição que já vemos numa pesquisa que chegou às minhas mãos. Mas com certeza devemos ter vários candidatos, eu, o [ex-vereador] Valdevan [Noventa], o Dr. Evilásio, o atual prefeito, já são quatro candidatos. Se só tivesse dois seria só um ou outro, mas tendo quatro a coisa já vai mudar. Cada um tira um pouquinho e de repente não vai deixar ninguém decolar muito para o segundo turno.”
ALIANÇAS
“Se eu for para o segundo turno, não pretendo trabalhar sozinho. Mas quero dizer, de antemão, que considero o Dr. Evilásio um adversário político, ele não me ajudou em nada na última eleição! Mas nada impede de conversarmos lá na frente. Agora, com o atual perfeito não tem como, eu o considero um inimigo político. Lá na frente eu não posso fazer uma parceria com um inimigo político!”.
EVILÁSIO
“Eu não sei responder se o Evilásio terá condição mesmo de ser candidato, não sei sobre os processos dele. inicialmente eu achava que não”, disse Aprígio.
PESQUISA
Sobre pesquisa divulgada por um jornal da cidade, Aprígio disse ser coerente o resultado. “Quem está no poder é muito criticado, e aqui você não tem educação, nem saúde, nem habitação, nem segurança, nem transporte. É a terra do ‘nem’, nem isso, nem aquilo, não tem nada! Já o Evilásio, por outro lado, é aquele que tem uma grande rejeição igual ao prefeito atual. A rejeição deles é imensa! Me encontro praticamente em um empate técnico com ele [prefeito] e daqui pra frente a tendência é diminuir mais [o eleitorado de Fernando], porque o nosso prefeito está deixando muito a desejar. A tendência é cada vez mais perder votos”, avaliou.
PACOTÃO DE OBRAS
Sobre o avanço das obras que Fernando Fernandes está tocando e que já começou a entregar, Aprígio disse que não acha que essas obras irão diminuir a rejeição do atual prefeito. “Tudo que ele fizer é obrigação dele, como político ele tem é que fazer mesmo. O partido dele prometeu e ele tá fazendo uma parte, ele nem começou a fazer, o que ele fez até agora foi muito pouco, está entregando ‘minicreches’, achando que está fazendo muito! Ele precisa criar 5 mil, 6 mil vagas em creche, ele fez uma creche que poderia atender uma cidadezinha do interior com 12 mil habitantes”, disse Aprígio.
HERANÇA DO ANTECESSOR
“Boa parte das obras que estão sendo executadas hoje são com o dinheiro do governo federal, que não é do PSDB. Essas obras ainda são resultado do governo Evilásio, eu mesmo votei R$ 50 milhões para obra do córrego Joaquim Cachoeira, mais R$ 75 milhões para combate a enchente no córrego Poá e até hoje as obras estão aí, ve dinheiro para isso. Votei R$ 55 milhões para região do Jardim Record e quem deixou esse dinheiro, mesmo num governo péssimo, muita gente diz isso, foi o Evilásio”, afirmou.
TRAIÇÃO
“Estou me reunindo com todos os pré-candidatos que estiveram comigo nas últimas eleições, e cada um pode decidir que rumo tomar. Percebi que quanto mais gente você coloca num partido, depois você entrega o comando para uma pessoa que nunca fez nada pelo partido. Não é uma coisa interessante. Um partido vive da quantidade de filiados, [mas] é um erro colocar 700, 800 pessoas no partido e depois entregar esse partido para uma pessoa que nem sequer considerou o trabalho que você fez”, disse.
BLINDAR FIÉIS
Aprígio disse ser difícil manter a estrutura da última eleição e que muitos comandados debandaram por não ter mais a “máquina” com o partido, mas que tem lideranças que se mantiveram com ele. Sem citar nomes, alegando uma estratégia para blindar o grupo “fiel”, afirmou que pretende sair com o máximo de candidatos a vereador possível.
SEM JULGAR
“Sei que tem pessoas que me apoiaram – como a Mara [do Record] – e hoje estão no governo. Eu sei que essas pessoas precisam sobreviver, cada um tem que ter o seu trabalho próprio, o prefeito deu trabalho para alguns, e eu não vou criticar. Eles estão certos. Agora, se amanhã ou depois eles verem que não é o que eles gostariam, estou à disposição”, acenou.
NOVO PARTIDO
Perguntado se irá para o PSD de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff (PT), Aprígio não confirmou, mas deixou uma porta bem aberta. “Ainda não tem uma solução para onde vou, para qual partido, mas deixo aberto para convidar a todos os pré-candidatos que foram candidatos comigo a irem junto comigo. Agora, ainda no mês de junho quero definir para qual partido vou”, disse. Admitiu, porém, que “ele [Kassab] me convidou para ir para o PSD, tem muito interesse que eu vá e disse que garante a legenda e que não devo me preocupar com isso, que ninguém tira essa legenda”.
PT
“Eu tenho, sim, muita afinidade com o PT, muita mesmo! Depois que o [ex-vereador] Wagner [Eckstein] foi o meu [candidato a] vice, ainda ficou mais fácil, mas não tenho conversa nenhuma com eles sobre essa condição de vice.”
PERSEGUIÇÃO CONTÍNUA
O ex-vereador voltou a acusar Fernando de perseguição. “Eu achava que estava sendo perseguido, mas hoje vejo que estou enganado, quem está sendo perseguido são 8 mil e 500 associados da Cooperativa Vida Nova, pelo próprio prefeito. Como disse, não tenho como dar a mão para um inimigo, com esse prefeito não tem conversa! Estávamos fazendo uma quadra para as crianças jogarem bola, no bloco 8, e ele mandou parar, e as crianças não têm onde jogar bola. São 700 famílias que estão prejudicadas”, disse. “Eu quero ser prefeito para simplificar a questão da casa própria. Esse prefeito de hoje falou quando eu comecei a cooperativa: ‘Não comprem nada lá porque o Aprígio não vai entregar nenhum prédio’. Agora, eu pergunto, que obra esse prefeito fez na área de habitação aqui em Taboão da Serra? Só se for para a família dele, ele gosta muito da família…”, ironizou.