ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Os coletores de lixo e varredores de rua decidiram nesta terça-feira, dia 14, suspender a paralisação – que entrou no 23º dia -, mas permanecem em “estado de greve” em Taboão da Serra. Os trabalhadores de limpeza urbana da Cavo Serviços e Saneamento S/A aceitaram interromper o movimento como condição para o desembargador Celso Ricardo Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, julgar o dissídio da categoria até esta quinta-feira, dia 16.
“A greve não acabou, está suspensa até quinta-feira, quando vai haver o julgamento da paralisação, o TRT decidiu julgar neste dia 16 desde que suspendêssemos o movimento. Aceitamos, porque já são 25 dias de greve, jamais aconteceu isso na história do trabalhador da coleta de lixo, principalmente em Taboão da Serra”, disse o presidente do Siemaco (Sindicato dos Empregados de Asseio e Limpeza Urbana) de Taboão, Cotia e região, Donizeti França, ao VERBO.
De acordo com França, o impasse é injustificado já que em outras cidades as empresas do setor já aceitaram pagar reposição salarial de 9,5%. “É incompreensível a Cavo insistir em levar essa causa até o julgamento, está sendo intransigente até demais”, disse o presidente do Siemaco. O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur) não avançou em nova proposta de reajuste e manteve o percentual de 8,5%, depois de inicialmente querer dar 6,5%.
Apesar do impasse, o Siemaco tem a expectativa de que com a inflação acumulada em mais um mês acima de 8,5%, proposto pela Selur, a categoria deve conseguir pelo menos a reposição obtida no ABC. “O TRT deve julgar reajuste de 9,5% ou até mais”, disse França. Não seria motivo para comemorar. “Não se considerarmos que começamos pedindo aumento de no mínimo 11,73%, que achávamos justo, que era a inflação, mais em torno de 5% de aumento real”, falou.
Com a suspensão da paralisação, na prática, os trabalhadores voltam ao trabalho, “mas 100% estão em estado de greve”, disse França. Na Câmara na noite desta terça-feira, o líder do prefeito, vereador Eduardo Nóbrega (PR), chegou a anunciar que a greve tinha acabado, sem entrar em detalhes sobre a condição, como trunfo em “guerra” travada na tribuna com a oposição, que citava a greve como mais um elemento de caos da gestão Fernando Fernandes (PSDB).
“Eles falam o que querem, mas nenhum vereador esteve na porta da empresa ou falou conosco nesses 25 dias de greve. Não se preocuparam com a cidade”, disse França. “Infelizmente, a administração do sr. Fernando Fernandes não teve responsabilidade e deixou a cidade viver uma calamidade pública. No ABC, os prefeitos chamaram as empresas e o sindicato e resolveram com nove dias de greve, tiveram sensibilidade em ver que a situação ia se agravar”, continuou.
O Siemaco não conseguiu falar com o prefeito “apesar de várias tentativas”. “Estive na prefeitura, fizeram eu esperar três horas e meia, e o prefeito só mandava assessor, não nos recebeu e mandou dizer que o acordo feito no ABC não tinha base legal. Todos os prefeitos de lá estavam errados, só ele que estava certo. Deu no que deu”, afirmou. A cidade inteira ficou tomada de lixo, que chegou a ser usado para bloquear vias públicas e ser queimado pela população.
“Mas não somos radicais, tanto que o tribunal pediu que suspendêssemos a greve para julgar na quinta e atendemos”, completou França. O governo municipal declara não poder intervir na greve, mas avisa que os serviços devem ser prestados. “No preço dos serviços contratados estão inclusos todos os custos, inclusive encargos sociais e trabalhistas, portanto, não compete à Prefeitura interferir na relação entre empresa e empregados”, diz em nota no início da greve.