ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Pirajuçara, em Taboão da Serra
“Ao terceiro dia”, fiel ao evangelho, o elenco da 14ª Paixão de Cristo no Pirajuçara, em Taboão da Serra, depois de ter apresentado o sofrimento e a morte do Senhor, na sexta-feira, encenou a ressurreição de Jesus na noite deste domingo de Páscoa, dia 5, em rua atrás do Poupatempo. Os cerca de 500 fiéis reunidos viveram com grande alegria, após missa campal celebrada pelo padre Kieran Ridge, a dramatização do acontecimento que expressa a razão de fé dos cristãos.
A parte final da encenação, que durou pouco mais de 10 minutos, teve introdução com narração por uma jovem que entrou com uma criança. “Nesta sexta Jesus morreu, mas por que ele morreu? Morreu para salvar eu e você”, disse a atriz Josy Matos para o filho Rafael nos braços. Voltando no tempo, antes de compreenderem o anunciado sentido da paixão e morte, porém, os apóstolos reunidos demonstraram tristeza profunda e desânimo com a morte do mestre.
Procurado no túmulo, porém, Cristo não estava mais ali. Ao ouvir do anjo que Jesus tinha ressuscitado, Maria Madalena se encarregou de fazer o anúncio aos apóstolos, a quem o filho de Deus apareceu e deu o lado para Tomé tocar para deixar de ser incrédulo. Outra passagem encenada foi a dos discípulos de Emaús se verem na presença do mestre e pedirem “Fica conosco, Senhor”, que se revela no partir do pão. A cena da ressurreição se seguiu, sob queima de fogos.
Os atores explodiram de “alegria pascal” pelo feito não sem obstáculos. “O projeto começou desacreditado depois que o Adauto saiu e com as mesmas dificuldades de outros anos como a falta de membros”, disse Marcelo Lima, 33, ao se referir ao ex-diretor Adauto Guerra, hoje missionário no Maranhão. “Mas conseguimos mais uma vez superar tudo e fazer um bonito trabalho de evangelização”, disse ele, mais de dez participações na Paixão e neste ano foi o centurião.
As cenas de choro foram na sexta, mas Juliete Aparecida, 25, no papel de Maria pela primeira vez, estava com os olhos marejados ao fim do ato da ressurreição. “É muita emoção, representar a mãe de Jesus e passar para as pessoas o que ela sentiu é indescritível. Mas pedi a ela que me inspirasse a sentir só um terço do que ela passou”, disse. Uma criança que encontrou perguntou o motivo de Maria ter sofrido tanto. “Comecei a chorar só de explicar para ele”, contou ela.
O VERBO disse para Flavio Almeida que “Ele ressuscitou!”. “É muita alegria. Entrego o posto de Cristo, mas com o sentimento de dever cumprido, todos deram o melhor de si, e o resultado só podia ser este, a festa e felicidade que vem de Deus”, disse Flavio, 29, que fez Jesus pelo segundo ano consecutivo, um dos mais elogiados do elenco. Fiéis da Paróquia São João Batista, 74 atores fizeram parte da 14ª Paixão de Cristo no Pirajuçara, a grande maioria de jovens.
A diretora-geral Claudilene Santos disse que a regra é que um ator faça o mesmo personagem só duas vezes seguidas. “No primeiro ano é nervosismo, e no segundo é para se dedicar para fazer com perfeição. E também para que outras pessoas possam participar”, explicou. Ela disse que já tem “alguns nomes” para fazer Jesus na encenação no ano que vem, “mas vamos ver o que vai acontecer até lá”, falou. Mas a Paixão continua em 2016. “Com a graça de Deus”, disse.
Ela comentou a “estratégia” de incluir no ato final a narradora, jovem, mas experiente em teatro. “Como o povo que estava atuando, como brincava meu esposo, era tudo sub-17 [muitos abaixo de 17 anos], não tínhamos a pretensão de mudar o texto, daí colocamos a Josy com o filho, e nada melhor do que uma família”, disse Claudilene, 30. “Marcelo Nunes [marido], nosso bebê é um ator nato”, comentou rindo Josy sobre foto com o filho publicada pelo VERBO.