KAREN SANTIAGO
Especial para o VERBO ONLINE, no Pirajuçara, em Taboão da Serra
Jesus enquanto ensinava, a vida pública que trilhou, o amor que teve pela humanidade e que levou as pessoas a sentir pelo próximo foram ricamente dramatizados na 14ª Paixão de Cristo no Pirajuçara, nesta sexta-feira, dia 3, em Taboão da Serra. Com base em várias passagens bíblicas, a apresentação provocou choro de comoção e aplausos empolgados do público de cerca de 5 mil pessoas que acompanharam a encenação de quase três horas de duração.
Desenrolada em palco montado na rua Carlos Fernandes (atrás do Poupatempo) e com procissão até a avenida Fernando Fernandes, a 14ª Paixão reconstituiu Cristo – vivido por Flavio Almeida – operar milagres como quando fez um paraplégico levantar e andar, e perdoar a adúltera Maria Madalena, com o desafio de “aquele que nunca cometeu pecado que atire a primeira pedra” a falsos moralistas e o conselho de que “não peque mais”, em ato de misericórdia.
A apresentação mostrou a visita que Maria – interpretada por Juliete Aparecida – recebeu do Anjo Gabriel, em que uma linda música foi cantada durante o anúncio da gravidez, em meio a crianças como seres celestes. Logo depois, em reencontro emocionado, a mãe relembrou com o filho tudo que passaram juntos, já prevendo a condenação depois da traição de Judas Iscariotes, discípulo que entregou o mestre a Caifás em troca de mísero punhado de moedas.
A encenação foi marcada ainda pelo gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos, na última ceia, com o partir e a partilha do pão – instituição da eucaristia (comunhão) -, quando “já sabe que será traído”, as orações para Deus “para que possa afastar esse cálice, mas que seja feito o que o Pai quiser”, no monte. Também foram encenados o beijo de traição de Judas, a prisão e o julgamento de Jesus, em que a multidão escolhe que seja crucificado, em vez de Barrabás.
A flagelação de Jesus começou no palco e continuou até a Fernando Fernandes. Sob chicotadas dos soldados, Cristo carregou a cruz e caiu três vezes. Maria enxugou seu rosto, em cena emocionante. A longa via-sacra foi seguida pelos fiéis que choravam ao ver o quanto Jesus “sofreu por nós”. “O que mais dói é ver ele caindo, apanhando. Não dão nem tempo dele respirar”, disse Nicoli, de apenas 10 anos, que chorou copiosamente, ao ver pela primeira vez a encenação.
Já na avenida, Jesus foi pregado na cruz, ao lado de dois malfeitores, sob forte comoção, com Maria e seguidoras de Cristo aos prantos. Em derradeiros atos da encenação, Jesus disse estar com sede, mas um dos soldados ergue a ele com a espada uma esponja com vinagre. Assim que Cristo morre, a terra tremeu e tudo ficou escuro. Ele foi retirado da cruz e recebido por Maria, que chorou sobre o corpo do filho. Por fim, o corpo de Jesus foi colocado em um túmulo.
Como Jesus pela segunda vez, Flávio disse ao VERBO que é “sempre uma experiência única e emocionante fazer o papel do Cristo”. “A proposta é pregar o evangelho para as pessoas para que saiam daqui sentindo-se tocadas com que apresentamos. Esse é o maior objetivo”, disse. Ele destacou a cena de Maria com o Anjo Gabriel, “momento mágico”, e citou a parte da flagelação como a mais difícil de fazer. “O caminho foi mais longo este ano e dói mesmo”, comentou.
A diretora-geral Claudilene Santos não continha a emoção no final. “Tivemos muitas dificuldades, como a falta de recursos e espaço. Apesar de muitos altos e baixos, Deus providenciou tudo praticamente na última semana. E a equipe se empenhou 100%”, disse orgulhosa Claudilene, que dirigiu a Paixão de Cristo no Pirajuçara pela primeira vez, ao suceder o ex-diretor Adauto Guerra, autor do texto encenado. Ele partiu para trabalho missionário no Maranhão.
Ao todo, 74 atores encenaram a 14ª Paixão de Cristo e 19 integraram a produção, “ficaram atrás do palco”, destacou Claudilene. Ainda sem a cena da “vitória sobre a morte”, a apresentação terminou sob muitas palmas e vibração do público e gostinho de quero mais – garantido. “Vamos voltar domingo para ver Ele ressuscitando”, falaram moradores. No próximo domingo (de Páscoa), dia 5, acontece a ressurreição de Jesus, às 18h, após missa, na rua Carlos Fernandes.
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