Secretário é convocado após aliado expor gasto da Câmara com carros oficiais

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A Câmara de Vereadores de Embu das Artes aprovou na última quarta-feira, dia 18, um requerimento em que cobra da Companhia Pró-Habitação que apresente relação dos servidores, cargos, salários e atividades desempenhadas no órgão da prefeitura. O presidente Ney Santos (PSC) propôs a convocação do secretário João Honório (Pros) após um jornalista próximo a ele divulgar que o Legislativo vai gastar R$ 273 mil por ano com aluguel de carros oficiais.

Após a divulgação por um site da cidade da locação dos carros pela Câmara, os vereadores passaram a ser alvo de duras e indignadas críticas de munícipes nas redes sociais e nas ruas, com palavras como “vergonha” e “imoralidade” e com cobrança de que deveriam destinar o valor gasto para saúde, educação, esporte, cultura. Na sessão, Ney disse que alugar os carros é oferecer um mínimo de estrutura para os vereadores atenderem as demandas da população.

Ney Santos na sessão em que requereu informações sobre servidores e salários da Companhia Pró-Habitação

Nem todos os vereadores aprovaram o requerimento. Entre os quatro que foram contra, Doda Pinheiro (PT) sugeriu que Honório fosse convidado, e não “convocado”. “Quando temos uma parceria, tem que ser dos dois lados, não dá para convocar um secretário do governo e expor aqui o que não é necessário no momento”, disse. Edvânio Mendes (PT) disse que o requerimento “não é simples convite, é uma cutucada, tem o poder de afetar politicamente o secretário”.

Gilvan da Saúde (Pros) reagiu e atribuiu a iniciativa à insatisfação de Ney com a divulgação sobre os carros oficiais, e que o vereador procurava atingir um membro de seu partido. “Nós vereadores da base, quando temos alguma dúvida sobre secretário, temos conversado com o governo, essa questão é discutida com o nosso prefeito. O presidente está querendo ir para o confronto e não é necessário”, disse Gilvan, que foi o único a votar “contra” Ney para presidente.

Ney fez adendo de que o requerimento receba documentos com tempo retroativo de seis meses “para sabermos as pessoas que estão e as que não estão trabalhando” na Pró-Habitação. Ele negou qualquer relação com a locação dos carros para os colegas e disse que cumpria o papel do vereador de fiscalizar. “Não estou dizendo que vamos expor o secretário, mas fazer a nossa parte, somos o fiscal do povo, o povo cobra transparência”, retrucou a um vereador.

Alguns vereadores disseram reservadamente, porém, que por trás estava a divulgação da impopular locação dos carros – lembraram que, para Leo Novais, da Coopercav, ir à Câmara, não teve requerimento. O VERBO apurou que Honório disse a aliados que o fato dos carros oficiais motivou a convocação e expressou contrariedade ao requerimento. “Para me constranger, né?”, teria dito. Mas também tranquilidade. “Mas para mim é tranquilo, exponho com maior prazer.”

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