Chico desiste de confronto e afaga adversários por ‘contribuição’ a Embu

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
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O prefeito Chico Brito (PT) desistiu da postura de confronto e adotou um discurso de conciliação ou de pacto com a oposição em pronunciamento na sessão pelos 56 anos de autonomia político-administrativa de Embu das Artes, nesta quarta-feira, dia 18, na Câmara dos Vereadores. Ele chegou a sair do lugar na mesa para falar, agachado, com o ex-prefeito Nivaldo Orlandi (PDT) e afagar o ex-vereador Professor Toninho (PSOL), a quem fez pesadas críticas há um ano.

Chico Brito (PT) fala com o ex-prefeito Nivaldo Orlandi (PDT), a quem elogiou por gestão social nos anos 1980

Ao afirmar que cada governante contribuiu pelo desenvolvimento de Embu, Chico destacou, após o rápido diálogo com Orlandi, que o ex-prefeito inaugurou, em seis anos de mandato (1983-88), três creches da prefeitura (“diretas”) e abriu vagas em 16 conveniadas, além de ter iniciado um programa de combate à fome que precedeu o Banco de Alimentos – em 2002, do governo do PT. “Uma ação que o Nivaldo iniciou foi a Fazendinha. Ele deu a contribuição dele”, disse.

Em 2014, também no aniversário de Embu, Orlandi não participou da sessão e engrossou manifestação de PSOL e PSTU em frente à Câmara com palavras de ordem contra a gestão do prefeito. “Um dos que estão protestando lá fora trouxe para Embu a fama de passarinheiro, uma marca vergonhosa que o infeliz trouxe”, contra-atacou Chico, em público. Nesta quarta, ele relevou até Orlandi ter entregue antes da sessão panfleto cobrando passe livre na cidade.

Na mesma sessão um ano atrás, Chico também reagiu ao PSOL de Toninho, a quem chamou de “pseudo-oposição”. Ele acusou o partido de não ter ido “na CDHU levantar cartaz pedindo habitação” no Jardim Santo Eduardo e ter entrado na Justiça contra moradia na mata do Roque Valente – sem citar que um assessor, Paulo Oliveira (PT), foi coautor do pedido de liminar. “Enquanto os cães latem a banda passa”, disse em alusão à oposição e condução da administração.

“Os outros partidos que estão lá [fora] são os que financiam os tal de ‘black bloc’ para fazer quebradeira”, atacou Chico, sobre PSOL e PSTU. Nesta quarta, fez gracejo visto como outro aceno de trégua. “Eu dei uma de prefeito ‘black bloc’ e fiz ocupação da Secretaria de Habitação [sobre moradias no Santo Eduardo]”, disse. “Eu e o Professor Toninho fomos lá em Brasília reivindicar aquela Caixa [Econômica Federal no Santo Eduardo] – lembra dessa, Toninho?”, arrematou.

De tribuna, Chico recorreu em vários trechos da fala ao apelo por união dos diferentes agentes políticos de Embu e até enfatizou a necessidade de as lideranças estenderem a mão para derrubar “barreiras” à busca de investimentos e conquistar mais equipamentos e serviços públicos para a população, ao afirmar que qualquer governo erra. “Mas temos que melhorar juntos, estar de mãos dadas para superarmos esses problemas e avançarmos ainda mais”, disse.

Chico ao discursar na sessão em que pediu que agentes políticos ponham Embu acima de questões partidárias

Chico esboçou um apelo ousado, mas recuou para gesto mais realista. “Nós passamos, mas a cidade continua. Temos que deixar de lado… Não deixar de lado, levar em conta nossas diferenças políticas, o que é bom que tenha, mas nos unirmos naquilo que tem que unir todo e qualquer político e partido, a defesa do interesse da população acima de tudo e todos”, disse. “Melhorar ainda mais a nossa querida Embu das Artes é um dever e uma luta de todos nós”, concluiu.

Ao evitar se indispor com a oposição, Chico se permitiu no máximo falar em “pessoas maldosas” em relação a críticas sobre obras, mas se mostrou compreensivo e até explicou o passo a passo do processo – em discurso de “peito aberto”, não fez desta vez apresentação de vídeo, visto como impositivo e “fora do tom” . Chico busca apoio nos setores mais adversos na cidade em um ano que deverá ser de forte limitação financeira. “Prefeitura sem grana”, disse interlocutor.

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