ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, na zona sul de São Paulo
Uma obra à altura do consagrado talento de Roberto Bolaños e da admiração dos fãs no Brasil: gigante. Parede lateral de uma loja de calçados na esquina da movimentada estrada do Campo Limpo (altura do 4.100) com a rua Mário Neme, no Campo Limpo (zona sul de São Paulo), ganhou a figura de célebres personagens do humorista mexicano morto no dia 28 de novembro. O grafite de 20 metros de largura por 8 metros de altura encanta quem passa pelo endereço.
Entre os retratados, como não podiam faltar, estão “Chaves” e “Chapolim”, papéis-títulos dos programas de grande sucesso na TV brasileira nos últimos 30 anos. “Ficou lindo. Perfeito. Incrível”, disse a analista de compras Ana Carolina Oliveira, ao se derramar em predicados aos apreciados seriados de Bolaños. “Gosto sim, bastante. Sempre. Quem não gosta? [Fazem parte da] Infância de todo mundo. Super atual, muito bom o trabalho mesmo”, elogiou a fã de 29 anos.
O operador de empilhadeira Márcio Moreira, 33, apontou o grafite para o garoto de 2 anos. “Ficou excelente. Gostou, filho, do Chaves? Fala ‘Isso, isso, isso'”, disse o morador de Taboão da Serra que passava pelo local na sexta, dia 19, quando o artista entrava no oitavo dia de trabalho. Os desenhos já pareciam prontos, de tão perfeitos, mas seriam concluídos no domingo. Porém, por causa da chuva no início da semana e do Natal, seriam finalizados hoje, dia 26.
“É uma satisfação poder fazer esse painel, é prazeroso escolher o próprio tema. Fiz outros dois, o dos ‘Vingadores’ e do ‘Homem-Aranha’, e esse era para ser outro da linha super-heróis, e acabei tendo a ideia de retratar o ‘Chaves”, disse ao VERBO o grafiteiro Paulo Terra,35, o elogiado autor da obra. “Começa por Chapolim, o outro é o Chaparrom Bonaparte, depois Chapatim, Chespirito, que é o barbudo, e o Chaves. Tudo com ‘ch'”, mencionou ao se referir aos personagens.
Para Terra, foi genial retratar o personagem mais famoso de Bolaños. “Sempre gostei de ver o Chaves, é uma série de humor sadio, sem maldade, sem aquela coisa de palavrão. A gente toma gosto de ver novamente vários episódios e dar risada das mesmas tiradas. Na verdade, estou assistindo o Chaves agora”, disse ao falar com a reportagem. “Só que nunca ia imaginar a repercussão que deu, realmente o público do Chaves é imenso”, falou Terra, grafiteiro há 20 anos.
Ainda não conhecido do grande público, Terra não foi contratado para executar o grafite, fez para mostrar o ofício. Ele pediu para usar o paredão e após alguns meses teve autorização. “Peguei o mural para fazer a homenagem, e acaba sendo uma divulgação, eu me sustento com isso. Financeiramente, não ganhei nada”, disse. Ele falou ter gasto mais de R$ 2 mil com material e que o painel, executado com ajuda de um irmão e de outros dois artistas, custaria R$ 20 mil.
O analista de logística Ricardo Pereira, 35, que cresceu junto com Terra e mora na mesma rua do amigo, no Campo Limpo, acompanhou olhares maravilhados para a obra e só é elogios ao grafiteiro. “O trabalho está excelente, inclusive foi bem oportuno. Todos que passam perguntam, querem saber quem é o artista, tiram fotos. Virou atração turística no bairro”, disse. “Desde quando começou, ele foi se aperfeiçoando e hoje está chegando entre os ‘top’ do Brasil”, falou.
O grafite virou notícia em portal da internet (Terra), em uma TV (SBT) e correu as redes sociais, inclusive chegou ao país do humorista, pelo Instagram de fãs de “Chaves”. Mas a homenagem não para por aí, outro painel irá ganhar forma já em janeiro. “A parede já está disponível, na [avenida] Carlos Caldeira sentido João Dias. Vai ser menor, 15 metros de largura por 6 de altura, mas vai ter toda a vila do ‘Chaves’, o ‘Quico’, a ‘Chiquinha’, o ‘Seu Madruga'”, revelou Terra.