RÔMULO FERREIRA
Especial para o VERBO ONLINE, da Redação
Vereadores de Embu das Artes esqueceram a rotina de calmaria das sessões da Câmara Municipal e entraram em atrito na sessão nesta quarta-feira, dia 29, ao ser apresentada uma simples indicação de construção de um campo de futebol na área da mata entre o Parque Pirajuçara e o Jardim Santa Tereza apresentada pelo presidente da Casa, Doda Pinheiro (PT), que acabou aprovada. A maioria dos vereadores, porém, se absteve em votar, após interferência do Executivo.
Do mesmo reduto eleitoral que Doda, a região do Parque Pirajuçara, o vereador Edvânio Mendes, também do PT, não gostou de ver apresentada a indicação – que não constava da pauta de votações. Ele pediu a suspensão temporária da sessão e na volta aos trabalhos atacou a iniciativa do presidente ao dizer que a construção do campo foi discutida no conselho da área de proteção ambiental (APA) e que o espaço já está em obra, não é necessário mais pedir execução.
“Não uso de oportunismo barato, não aprovo, não adianta fazer na surdina. Voto contra o oportunismo barato que aqui se pôs”, reagiu Edvânio. O vereador rebateu também fala do colega Jabá do Depósito (PTC) de que votar contra a indicação seria “votar contra o povo que está carente de área de lazer”. O embate aflorou rivalidades. Jabá pediu direito de resposta e disse que tem indicado “várias coisas que depois o sr. solta revistinha dizendo que foi o sr. que fez”.
Um após o outro, vereadores pediram “questão de ordem” para criticar o impasse e anunciar que iam deixar de votar a indicação. “Sou favorável que entrem em consenso, se não é possível, vou me abster do voto”, disse Gilvan da Saúde (Pros). Também um dos mais experientes da Casa, Luiz do Depósito (PMDB) disse que “tanto Edvânio quanto Doda lutaram para que acontecesse a obra, mas agora têm uma briga política que temos que, praticamente, apartar”.
O constrangimento era visível. “É bem capaz de amanhã falarem que os vereadores se abstiveram, votaram contra por não quererem o campo. Não é isso. Indicação temos o direito de fazer, é uma ferramenta do vereador, mas nessa situação me abstenho”, disse Rosana do Arthur (PMDB). Gilson Oliveira (PT) evitou o voto de minerva pelo presidente. “Se eu votar contra, quem vai desempatar é o sr., e a indicação é do sr. Não tenho o que fazer, vou me abster”, disse.
“Oportunismo barato é não fazermos o nosso papel, e as pessoas entrarem nas drogas por falta de espaço de lazer”, rebateu Doda. Com três votos a favor e um contra, a indicação foi aprovada, apesar de dez abstenções. Parte dos vereadores decidiu não votar só após chamar o prefeito, por telefone, segundo apurou o VERBO. Chico Brito falou para Doda retirar a matéria, mas o presidente se recusou. No plenário, um grupo de esportistas aplaudiu a aprovação.