Fernando não recebe MST depois de Félix aderir ao PT nas eleições deste ano

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
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O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) não recebeu na quarta-feira, dia 24, o Movimento Sem-Terra para uma reunião para tratar de compromissos que já teria assumido, em recusa depois que o líder do MST, Paulo Félix, declarou apoio ao PT nas eleições neste ano. Em 31 de agosto, o ex-vereador reuniu um grupo de militantes que lotou um salão para declarar voto no candidato a deputado estadual Wagner Eckstein e outros petistas nos demais quatro cargos do pleito.

Fernando mantinha canal aberto para diálogo com Félix sobre as demandas do MST, mesmo com o ex-vereador com postura de oposição e com críticas ao governo desde o início da gestão. Em maio, recebeu Félix e um grupo de militantes para discutir reivindicações do movimento, durante outra passeata dos sem-terra, quando o prefeito teria assumido os compromissos. Chegou a dizer que Félix, apesar das divergências, debatia em “uma postura de respeito”.

Militantes do MST param diante da delegacia de Taboão para entregar documento sobre mortes no Antena
Militantes do MST param diante da delegacia de Taboão para entregar documento contra mortes no Antena

Ele se recusou a receber o MST, com Félix à frente, depois também que a audiência pública para discutir alterações no Plano Diretor acabou em confusão, episódio que ocorreu, entretanto, há quatro meses. O ex-vereador disse que foi “agredido por funcionários livre-nomeados de Fernando Fernandes”. Após vídeo divulgado pelo governo, o prefeito subiu o tom e disse que Félix fez “teatro” sobre a agressão e que a “simulação” poderia ter causado uma “tragédia”.

Félix teve como “berço” o PT, mas após brigas internas saiu do partido e logo depois, sem mandato após ser derrotado como candidato a vice-prefeito, aderiu a Fernando, então já prefeito pela primeira vez, em 1997. De radical, migrou para o centro, se aproximou de caciques do PSDB e passou a ser um ferrenho opositor ao PT, inclusive adversário direto de Eckstein. Descartado por Fernando após fazer parte do governo Evilásio Farias, ensaia caminho de volta.

A recusa do prefeito em receber o movimento foi repudiada. Na prefeitura, chegada da passeata, “depois de várias horas sob um calor escaldante, o prefeito mandou avisar que não receberia ninguém, pois sua legenda estava ‘lotada’, numa atitude de total descaso com a multidão que foi apenas cobrar promessas não cumpridas”, relatou o MST no Facebook. Cerca de 300 militantes caminharam pela rodovia Régis Bittencourt – a expectativa era reunir 1.500 pessoas.

O MST reivindica do prefeito a construção de uma escola e uma creche no entorno do conjunto habitacional no Jardim Salete; a concessão de auxílio-moradia, que ainda não saiu, embora 80 das 320 pessoas indicadas pelo movimento para receber já tenham sido entrevistados; a apresentação de projeto de 512 unidades habitacionais em parte da área de propriedade de Paulo Colombo, em frente ao INSS, no Jardim Helena – enquanto o restante do imóvel será um parque.

“Com a recusa do prefeito em atender a comunidade, a passeata seguiu para Câmara, onde foram recebidos pelo presidente, Dr. Eduardo Nóbrega, e os vereadores Carlinhos do Leme e André Egídio, que trataram a todos com o respeito que o povo merece. Ficou claro que só com luta que o povo vai conseguir arrancar os compromissos assumidos pelo prefeito Fernando Fernandes, que mais uma vez virou as costas ao movimento popular”, diz o MST.

O MST cobra também serviço de saúde de qualidade e antes de seguir à prefeitura entregou documento ao delegado Gilson Leite em que pede apuração “rigorosa” das mortes de duas gestantes e um bebê em uma semana na maternidade do Antena. O prefeito aceitou em maio atender Félix e militantes mesmo com protesto do movimento de que o fechamento do PS Akira Tada foi uma decisão desastrada, diferente de agora, com Félix aliado ao PT.

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