Antena ignorou solicitação de cesárea e chamou médico de Adriana de ‘louco’

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O médico que atendeu a gestante Adriana Maria de Andrade em cuidadoso acompanhamento de pré-natal solicitou que a paciente fosse submetida a cesárea, conforme guia de encaminhamento a que o VERBO teve acesso. O Pronto-Socorro e Maternidade Antena, de Taboão da Serra, ignorou a orientação e iniciou parto normal de um bebê de mais de 5 quilos e quase 60 cm. Adriana e a criança morreram após procedimento traumático e fatal para mãe e filha, nesta segunda, dia 1º.

Guia de 20/8 com solicitação de agendamento de cesária no Antena assinada pelo médico pré-natal de Adriana

Após assistir Adriana em seis consultas de pré-natal – as recomendadas pela Organização Mundial da Saúde -, o médico Hiroyuki Hashimoto, da UBS no Jardim Maria Rosa, emitiu no sétimo atendimento a guia com data de 20 de agosto à maternidade em que diz “solicito agendamento cirúrgico”. Adriana estava bem, o ginecologista não fez nenhum alerta sobre o estado de saúde da paciente, só citou ter tido seis gestações e indicou a cesariana por conta do tamanho do feto.

“Só não a acompanhei no médico nesta vez, já tinha começado a trabalhar, era o homem da casa. Mas fui nas outras seis consultas, e na última o médico viu o batimento cardíaco da minha filha na minha frente. Doutor Hiro disse que estava em perfeito estado. Falou: ‘Essa menina tem batimentos fortes, rápidos. Vai ser inteligente igual ao pai… Ela não tem nenhum problema de coração, vou pedir a cirurgia pelo tamanho da criança'”, conta o companheiro Anderson Aparecido Melo, 28.

Com a guia em mãos, Adriana foi ainda na tarde do dia 20 ao Antena. Segundo Anderson, a médica Maria Dolores Jacinto, obstetra na maternidade, a atendeu e disse que o parto não seria cesariana e que o médico do pré-natal da paciente estava “louco”. “Com a carta do dr. Hiro, ela falou com a doutora Dolores que tinha que fazer cesariana. A minha esposa me relatou que a dra. Dolores falou o seguinte: ‘Você tem que ter parto normal, esse japonês está louco'”, disse ao VERBO.

“A gente fez tudo direitinho, todas as consultas, todos os exames, o atendimento no pré-natal foi excelente, não tenho do que queixar, a gente tinha toda uma expectativa, estava feliz, e fizeram isso com a Adriana. Judiaram da minha esposa! É revoltante”, disse Anderson. A equipe médica não conseguiu fazer o parto normal e decidiu empurrar a cabeça e quebrar a clavícula do bebê ao desistir para só aí fazer a cesárea. A criança morreu na hora, pelas 6h, e a mãe, horas depois, à tarde.

PS Antena com entrada interna à maternidade (porta ao fundo); Adriana morreu dez horas após filha às 16h50

REVOLTA
Familiares e amigos estavam no velório e enterro de Adriana e da criança sob forte comoção e muita revolta, na tarde desta terça-feira, dia 2, no Cemitério da Saudade – mãe e filha estavam em caixões lado a lado durante o último adeus, em cena cortante até para desconhecidos. Eles acusaram a maternidade, administrada por contrato com a prefeitura por uma organização social privada, a SPDM, e também o médico responsável pelo parto de Adriana, Rogério Romano Cançado.

“Esse médico é cuidador de gente ou veterinário? Tem que processar!”, disse o sogro Antonio de Melo. “Impune não pode ficar, foi um assassinato o que fizeram com a minha irmã. Se já estava marcado para cesárea, não tinha que fazer parto normal”, disse Reinaldo Andrade. O pai estava inconformado. “Ele vai pagar, só se sumir de São Paulo”, repetia Amaro Rufino Andrade, 65, chorando. “Justiça tem que ser feita. É prender ou matar, criminoso só presta matando”, desabafou.

O VERBO não conseguiu localizar a obstetra Maria Dolores, ex-diretora da maternidade e hoje médica plantonista. Após telefonema da reportagem em que estava com celular desligado, a secretária municipal Raquel Zaicaner (Saúde) retornou ligação no início da tarde desta terça-feira, mas disse que não falaria e pediu que fosse contatada a Secretaria de Comunicação, que não tinha se pronunciado desde ontem, quando recebeu texto jornalístico do VERBO sobre o caso.

comentários

  • Chega de mortes na maternidade do Antena, CPI Já!
    Na última semana duas mulheres gestantes e uma criança faleceram em consequência do péssimo atendimento na Maternidade do Hospital do Antena – Taboão da Serra.
    A primeira morte se deu no dia 27 de agosto e na tarde desta terça-feira, 01 de setembro, mais uma gestante e seu filho faleceram.
    Nos dois casos, a explicação das autoridades afirma tratar-se de problemas resultantes de complicações ocorridas no parto. No entanto, os familiares afirmam em denúncia se tratar de negligência médica e procedimentos equivocados da equipe que realizava os respectivos partos.
    Pela postura adotada pelos médicos e pela explicações confusas prestadas pela direção do hospital, fica claro que houve problemas no atendimento, seja por erro médico, falta de funcionários, equipamentos ou outros.
    Os relatos apresentados por familiares da vítima, Adriana Andrade, divulgadas pelo Jornal O Verbo, são macabros: “De acordo com familiares, por volta das 18h, a equipe médica colocou Adriana para ter, em parto normal, um bebê de 61 centímetros e cinco quilos, mas a situação se complicou. O procedimento de emergência foi traumático. Com a gestante em iminente risco de vida, o médico decidiu quebrar a clavícula do bebê para tentar tirar do útero da paciente, mas, sem êxito, empurrou a criança de volta para fazer cesariana. A menina morreu no ato e a mãe, logo em seguida.”
    A gestão da saúde em Taboão da Serra foi repassada para Organização Social SPDM, que segundo informações, tem contratos de 323 milhões até 2018. A mesma veio para a cidade em substituição da Iacta Saúde apresentada pela atual administração como uma alternativa à Organização Social Iacta Saúde, porém muitos dos problemas vividos em anos de Iacta Saúde permanecem.
    Por isso, considerando que a saúde é um serviço essencial ao ser humano e um direito; Considerando que os valores contratuais não justificam o péssimos serviço e Considerando que esta já é a terceira morte na maternidade do Antena: exigimos a instalação imediata pela câmara municipal de Taboão da Serra de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com a participação da população sobre a SPDM que investigue contratos, servços e os casos de falecimento nos hospitais em que administra no município.
    link da petição: https://secure.avaaz.org/po/petition/Camara_Municipal_de_Taboao_da_Serra_Abertura_imediata_de_uma_CPI_para_investigar_a_atuacao_da_SPDM/?launch

  • eesse antena tem que ser fechado porque nao tem geladeira nesse lugar quando a minha irma naceu ela foi colocada num saco e foi isolada e essa a minha opiniao medicos incopetente

  • Sugiro aos moradores de Taboão da Serra e região… procurem atendimento médico em São Paulo, é mais garantido, acreditem.

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