ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O vereador Eduardo Nóbrega (PR), presidente da Câmara de Taboão da Serra, disse nesta terça-feira, 5 de agosto, que se arrepende de ter atacado Geraldo Alckmin (PSDB), a quem chamou de “picolé de chuchu”, no ano passado, e que não vai seguir o partido no apoio ao candidato a governador da sigla à qual se coligou – Alexandre Padilha (PT) -, ao contrário do que garantiu em entrevista também em 2013. Ele disse que votará no próprio postulante que desqualificou, Alckmin.
Em outubro do ano passado, Nóbrega também subiu à tribuna e disse que “o ‘Picolé de Chuchu’ já cansou” – o apelido dado pelo jornalista José Simão a Alckmin é uma expressão de muito ruim ou sem graça. Ele disparou o ataque ao avaliar que a “segurança não está à altura” da necessidade de Taboão e do Estado com o PSDB há quase 30 anos no poder em São Paulo – na realidade, quase 20 anos. De quebra, disse que o PR “estará de braços dados com o PT na eleição de 2014”.
Uma semana depois, em entrevista exclusiva ao VERBO, Nóbrega foi mais ponderado, mas não recuou sobre a gestão do governador. “O PSDB está no comando do Estado há 20 anos, e temos problemas recorrentes que não foram resolvidos, e isso muitas vezes só será resolvido com a alteração do programa de governo”, afirmou, para justificar que poderia passar a apoiar outro partido, quando disse que se aliaria ao PT se o PR se decidisse por Padilha, como “pessoa de partido”.
Ele chegou a apresentar a postura como virtude. “O povo critica muito aquelas pessoas que ficam trocando de partido, com razão, mas também tem que reconhecer aqueles que são partidários. Estamos no PR há 17 anos, correndo o risco de não ter quociente, em 2004 Olívio Nóbrega quase ficou de fora sendo o segundo mais votado na cidade. Mas continuamos no PR. Se o partido decidir pelo apoio ao Padilha, como membro do partido, irei apoiar o Padilha para governador”, disse.
Ele continuou: “Foi minha fala inicial. Dali, após provocação do membro do PT, acabei falando sobre o Alckmin, dizendo que eu entendia que se o PR tomasse essa decisão [apoiar o PT] não estaria equivocado”. Nóbrega chamou a atenção por ser o governador o principal aliado de Fernando Fernandes e a esperança do prefeito para projetos como Fatec, Etec e Poupatempo para a cidade. Após a fala, o vereador enfrentou saia justa e foi cobrado a se explicar, apurou o VERBO.
Agora, na primeira sessão após o recesso de julho, ao melhor estilo do “esqueça que eu disse”, conforme murmuraram os críticos à reportagem, Nóbrega mudou o discurso e desconversou sobre como chamou o governador. “Por uma dessas emoções exarcebadas, o chamei, não me lembro qual foi a referência, se foi como fruta, legume ou salada. Mas não faria novamente, nunca mais”, disse ele, que alegou ser então recém-empossado vereador e falar no “afã da juventude”.
“Não é possível não reconhecer o quanto o governador brindou ou trouxe [de obras] para Taboão da Serra. Na verdade, a cidade foi prestigiada por Geraldo Alckmin”, afirmou. Ele disse respeitar a posição do PR e de novo se declarar um “homem de partido, mas no caso do governador irei votar contra a orientação do meu partido”, avisou. “Irei votar no governador Geraldo Alckmin, correndo qualquer tipo de risco de retaliação, porque voto no que é bom Taboão da Serra”, discursou.
Ele voltou a ressalvar a segurança, mas foi menos incisivo. A mudança de posição é explicada por Nóbrega esperar ser o candidato a prefeito em 2020 lançado por Fernando. Ao VERBO ele também disse que o PR apoiará a reeleição do prefeito em 2016. O projeto da família Nóbrega já passa pela eleição neste ano, em que o candidato a deputado federal Anderson Nóbrega (PR) disputa ao lado da deputada Analice Fernandes em dobrada “descasada”, já que estão em coligações rivais.