ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O deputado estadual Geraldo Cruz (PT) lançou no último sábado, dia 19, no centro de Embu das Artes, candidatura à reeleição e minimizou entrar na disputa em embate com os petistas no poder no município e a ausência de deputados federais do partido mais atuantes na cidade, fechados com o prefeito. Desde o ano passado, Geraldo e Chico Brito travam briga interna sem precedentes na história do PT local. No ato, um líder petista de fora fez fala de desagravo ao deputado.
Geraldo se esforçou em julgar natural ter como adversária a máquina de uma prefeitura do PT – apinhada de apoiadores do petista lançado pelo prefeito para rivalizar na eleição à Assembleia, João Leite, e sem militantes que declarem voto no deputado, exonerados. “Ninguém veio falar para mim que está contra a minha candidatura, sempre foi normal no PT ter várias candidaturas, às vezes [não], na última eleição tinha só eu, agora despertou interesse nos outros”, desconversou.
“Tem voto para todo mundo, eu vou buscar o meu, cada um vai buscar o seu, não somos adversários, estamos na mesma legenda e defendendo o mesmo projeto para o governo federal e estadual”, despistou. O PT sempre teve disputas, mas no âmbito do diretório e selava nome de consenso. Agora, os dois candidatos não são apoiados por todo o partido, e filiados decidem quem apoiar sob pressão. Em junho, Chico demitiu mais 25 militantes ligados a Geraldo após alegada vaia sofrida.
A divisão foi exposta com a presença de Alexandre Padilha e apoios a Geraldo. “Cadê os vereadores do PT? Independente do Geraldinho, o candidato a governador do PT está aqui, não tinham que ter picuinha”, disse Luiz Lune (PCdoB), vereador de Taboão da Serra. Anunciado em evento como apoiador de João Leite, o prefeito de São Lourenço da Serra, Fernando Seme (PDMB), desmentiu e disse que Geraldo “ajudou muito São Lourenço e tenho obrigação de estar aqui dando apoio”.
Em situação insólita, o vice-prefeito de Osasco atacou petistas adversários de Geraldo em Embu. “Geraldo faz política com coração como o Lula, não leva para o lado pessoal uma disputa coletiva. Pode ter muita gente falando mal de você por aí, mas toda essa turma no palanque sabe o seu valor. Você será não só um deputado eleito, mas o mais votado”, discursou Valmir Prascidelli (PT), anunciado como herdeiro da trajetória do ex-deputado João Paulo Cunha, condenado no mensalão.
Padilha disse que “Geraldinho é um companheiro que desde que começou na política, no grupo de jovens da igreja, nunca mudou de lado, nunca esqueceu o povo que está junto com ele”. Ele falou do início da campanha a governador, mas não citou Chico, um dos coordenadores e lá presente. O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT) destacou que a denúncia de Geraldo da farra dos congressos de vereadores levou o PT a governar Embu pela quarta vez, mas também ignorou Chico.
Geraldo disse não ver “diferença nenhuma” na ausência de deputados como Carlos Zarattini e José Mentor. “Nem sempre podem estar em todos os eventos”, minimizou. O lançamento reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo a organização. “Foi bom demais, o povo veio a troco de nada, só de sonho”, falou o deputado. “[Foi] um verdadeiro evento democrático e popular, sem pressão política, assédio moral e lista de presença”, provocou o professor Elcio Dias, um dos 25 demitidos.
Geraldo negou fala de grupo petista no governo de que não cumprirá, se eleito, o mandato até o fim para ser candidato a prefeito em 2016, mas disse que “tudo pode acontecer”. “Quero ficar mais quatro anos lá na Assembleia. Agora, estou na política, as eleições são disputadas de dois em dois anos. Mas quero ter um segundo mandato, melhor do que fiz. Nosso mandato derrubou alguns tabus, fui o primeiro deputado a colocar no site todos nossos funcionários [de gabinete]”, disse.