Morre aos 87 anos o escritor, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna

Especial para o VERBO ONLINE

Ariano Suassuna, que morreu de parada cardíaca, ocupava a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras

MARCELO BRANDÃO
Agência Brasil

Morreu nesta quarta-feira, dia 23, o escritor, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna. Ele estava internado desde segunda-feira no Real Hospital Português, no Recife, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Suassuna, que tinha 87 anos, morreu às 17h15, de parada cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana.

O velório do corpo de Suassuna acontece no Palácio Campo das Princesas, no Recife, sede do governo de Pernambuco. Após restrita inicialmente, a cerimônia seria aberta ao público às 23h30 até as 15h desta quinta-feira, dia 24. O enterro será em seguida, às 16h, no cemitério Morada da Paz, na cidade de Paulista (Grande Recife).

Nascido em João Pessoa, quando a capital paraibana ainda se chamava Nossa Senhora das Neves, em 1927,  ainda adolescente, Ariano Vilar Suassuna foi morar no Recife, onde terminou os estudos secundários e deixou seu nome marcado na cultura literatura brasileira, especialmente no teatro e na literatura.

Ariano Suassuna, que morreu de parada cardíaca, ocupava a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras
Ariano Suassuna, autor de “Auto da Compadecida”, ocupava a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras

Em 1946, na capital pernambucana, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com o amigo Hermilo Borba Filho. No ano seguinte, escreveu sua primeira peça teatral, “Uma Mulher Vestida de Sol”, seguida de “Cantam as Harpas de Sião” e “Os Homens de Barro”. Em 1955, escreveu sua obra mais popular, “Auto da Compadecida”, que conta as aventuras de dois amigos, Chicó e João Grilo, no Nordeste brasileiro. A peça foi adaptada duas vezes para o cinema, em 1969 e 2000.

Suassuna continuou criando, escrevendo peças de teatro, romances e poesias. “O Santo e a Porca”, “Farsa da Boa Preguiça”, “Romance d’A Pedra do Reino” e o “Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” são algumas das dezenas de obras dele. A maioria delas foi traduzida para outros idiomas, como francês, alemão, espanhol, inglês e holandês. Em 1989, passou a ocupar a Cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras.

Carismático, Suassuna esbanjou simpatia por onde passou. Mais recentemente, apresentou sua “aula-espetáculo” por todo o Brasil, onde ensinou formas de arte para o público e mostrou a riqueza da cultura do país, contando histórias, “causos” e piadas. Suassuna mostrou ao povo brasileiro como ele é inventivo, engraçado, esperto e interessante e provou que não existe nada do lado de lá das fronteiras que possamos invejar.

Em uma de suas últimas passagens por Brasília, Suassuna encerrou a aula-espetáculo valorizando, não sua obra, mas a de outro brasileiro. O escritor citou o filósofo Matias Aires como exemplo da qualidade nacional, mas também como um resumo da sua própria trajetória, “e da de todos nós”, neste mundo.

“Quem são os homens mais do que a aparência de teatro? A vaidade e a fortuna governam a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel, cada um recebe o que lhe dão. Aquele que sai sem fausto, nem cortejo, e que logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que representa o papel de homem. A morte, que está de sentinela, em uma das mãos segura o relógio do tempo. Na outra, a foice fatal. E, com esta, em um só golpe, certeiro e inevitável, dá fim à tragédia, fecha a cortina e desaparece”, disse, então, Ariano Suassuna.

> Com a Redação do VERBO

comentários

>