ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A Festa de Santa Cruz, em Embu das Artes, tem neste domingo, dia 18, o terceiro e último dia de programação, com apresentação de Adores de Embu das Artes, Folia de Reis Marajoara, Trio Marajoara e a dupla Wagner e Walmir, que fecha o evento neste ano, a partir das 20h30, no Cruzeiro (Memorial Sakai), na Vila Cercado Grande (região central).
Neste sábado, moradores de Embu e região prestigiaram e dançaram congada (manifestação cultural e religiosa africana), trança da fita e catira (dança do folclore brasileiro) na segunda noite da festa, que começou com adoração da santa cruz por crianças da escola municipal Mauro Ferreira, no Jardim Sílvia, e se encerrou com show de Elcio Dias e banda.
“Sempre venho, é bom demais, ‘noooossa’. Desde pequenininha, meus pais levavam a gente, aonde tem eu vou”, disse a aposentada Maria do Carmo Pereira, 62, do Jardim Vazame, que levou a vizinha, presente pela primeira vez. “Gostei do congado, do sapateado [catira]. Gosto de tudo que é de raiz, é muito bonito”, disse a dona de casa Erondina Oliveira, 73.
O professor Anderson Stefines, 35, faz questão de participar todo ano e nota diferença. “A estrutura melhorou ao longo dos anos, mas o público foi reduzindo”, disse o morador do Engenho Velho (região central), abraçado à mulher. A presença de frequentadores diminuiu após morte de um jovem em briga de gangues em rua próxima ao local há cerca de dez anos.
É passado. A festa transcorre em paz e atrai idosos, adultos, jovens e crianças. “Isso é positivo, atrai mais as famílias, mostra um pouco a cultura da cidade, apesar que o pessoal confunde um pouco com festa junina. Seria legal a cidade mostrar que a festa está segura, tem policiamento por perto”, falou Stefines. Guardas municipais fazem a segurança.
HISTÓRIA
A Festa de Santa Cruz existe desde o final dos anos 1600, quando os jesuítas chegaram para fundar a Vila de M’Boy, hoje Embu, e instituíram a dança de adoração à santa cruz como “inculturação” para que os índios aceitassem a catequização. Mesmo após os padres serem expulsos do país por Portugal, os moradores da época nunca mais deixaram de dançar.
No dia 3 de maio, que os festeiros dedicam à santa cruz, o evento acontecia em frente à igreja antiga de Nossa Senhora do Rosário, onde hoje é o Museu de Arte Sacra. A partir da década de 1950, foi para o Cercado Grande, onde foram erguidos cruzeiro, capela e memorial do escultor Tadakyo Sakai, homenageado na festa neste ano pelo centenário de nascimento.
“A Festa de Santa Cruz simboliza nossas raízes e tradições culturais, não é uma simples festa folclórica”, disse Tônia do Embu, uma das idealizadoras. Em 2013, a prefeitura não a realizou no Cruzeiro e causou “trauma” por não observar a tradição do local. “Este ano, conseguimos que fosse só aqui, onde deve ser sempre, e que a comunidade participe.”